Eu confesso

"Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha segredos". (Martha Medeiros)
 
Nesse momento em que abro meu coração para as amigas e os amigos, estou me dando um presente pelo dia da amizade. Porque a gente merece se presentear com o que pode nos fazer mais feliz, não apenas com objetos lindos e caros, embora isso também nos encha os olhos.

Não vou fazer grande mistério... Tá bom, gente, eu confesso: está na hora de dar tchau, como diriam os Teletubbies. Tchau, adeus, good bye, auf wiedersehen, ciao, houdoe, adieu. 



http://taynalu.blogspot.com



Adeus à Ingrid que vinha se aprisionando, se cobrando pelos deveres que se impôs, aos limites que seu colocou e tratou de tornar sua vida pesada, fadigante.

São anos de altos e baixos, de batalhas internas, de discursos mentais, de buscas por fórmulas prontas. Pra que? Pra tentar dizer a mim mesma que correspondi às mais altas expectativas que colocaram para mim e eu tratei de acolher como se tivesse a obrigação de satisfazer.

Não é mesmo uma M... quando a gente permite a si mesma esquecer quem é e passa a cumprir um papel? Quando deixamos que o limite entre o que sonhamos e o que precisamos fazer seja a culpa?

Pois bem, depois de tanto tempo guardando esse sentimento comigo, acho que consegui dizer a mim mesma que viver incentivando outras pessoas a buscarem seus sonhos não é suficiente. Não para esta canceriana com ascendente em sagitário. 

Pois é. Fiquei remoendo por muito tempo uma grande vontade de rever meus rumos profissionais. Me acovardei. Fiquei pensando no quanto amo estar com meus filhos e que não valeria a pena encarar um emprego de período integral como professora para ganhar menos do que pagaria por uma escola em turno integral para as crianças.

Pensei no quanto gosto de uma liberdade que é relativa; ser dona de casa tem seus momentos, mas realmente não é meu hobby. Pensei no convívio que tenho com meus pais e irmão, na caminhada com os cães, nos livros todos que adoro ler e não sobra tempo - porque fico perdida nos meus pensamentos - em todas as desculpas que pude arrumar. E quanto menos faço, menos tempo tenho...

No fim das contas, as desculpas foram tomando conta de mim. Quando tive as crises de pânico, então, elas reforçaram esse sentimento. - Será que não eram elas que diziam pra que eu parasse de tapar o sol com a peneira, a cortina e as redes de proteção?

Não tenho receio de falhar ao começar a caminhada. Meu medo parecia sempre ser chegar ao primeiro passo, pois estava travada. Até blogar eu andei evitando, pra não encarar que se escrevesse, acabaria dizendo de alguma forma, que não tenho mais tempo a perder com lamúrias, dúvidas e que a coragem que sempre tive continuava dentro de mim, trancafiada, gritando por libertação.

Então de uns dias pra cá, parece que as algemas começaram a ficar mais frouxas. E essa conquista, posso dizer, devo ao apoio profissional, mas principalmente a mim mesma. Poderia ter desistido de ir à terapia, ter me sabotado como em outras ocasiões. Mas parece que dessa vez está acontecendo de um jeito diferente.

Algumas palavras de pessoas queridas fizeram a diferença e elas nem sabem disso. Mas eu mesma tinha de dizer isso. Olhar pra mim mesma diante do espelho e dizer que quero ver aquele brilho nos olhos que sempre tive retornando e tomando conta, pra não poder mais sair de lá.

E é por isso que, agora, chega de perder tempo. Estou me preparando para ir ao encontro do que sempre quis experimentar. Vou voltar a estudar e colocar em prática aquilo que sempre fui craque em dizer aos outros: "Nunca é tarde demais para ser o que você poderia ter sido" 
(George Eliot), dito assim, com letras em verde-esperança.


Imagem: http://liriaporto.blogspot.com


A você, amigo e amiga

Quando se encontra um tesouro precioso, nossa tendência é querer cuidar dele, mantê-lo por perto. Protegido do perigo, restimado por seu valor, de alguma forma próximo o suficiente para que possamos estar atentos, livres o bastante para não sufocar, porém não exposto aos riscos que possam maculá-lo.

Assim é quando temos filhos. Dizem que há quem consiga fazê-lo em seu casamento. E que também deveria ser assim com os amigos.

Com o desenvolvimento, se saudáveis, as crianças passam de egocêntricas a sociáveis e conseguem fazer parte de grupos formados por afinidades. Assim começam as amizades. Sejam através de um encontro na pracinha, do convívio no condomínio, da amizade dos pais que os apresentam, da turma da escola...

Tenho a grande sorte de continuar amiga de vários dos meus amigos da primeira infância e de manter contato com os colegas de escola não apenas pelas redes sociais. São pessoas em quem confio, com quem conto nos momentos difícies e com quem celebro nos momentos felizes.

Essas pessoas fazem a minha vida ter algum sentido. Algo maior do que pagar contas e resolver as atividades cotidianas de mulher, mãe, dona de casa e blogueira. 

Mas há também amizades que estão sendo construídas através das letras que compartilham experiências, que provocam risos e lágrimas, que convocam para as batalhas de mamaço e de combate ao preconceito entre tantos outros momentos acalorados. São as minhas amigas e os meus amigos blogueiros. 

Quem não curte, não experimentou ou nem se interessa por esse mundinho particular não faz idéia do quanto as distâncias são capazes de encurtar e do quanto pessoas a quem jamais imaginei conhecer se tornaram íntimas e especiais.

Para não chover demais no molhado, fica aqui a minha gratidão e a minha homenagem ao dia da amizade a você, amigo e amiga:





Solidão/depressão - uma nova versão

Alguém aqui conhece a sensação de perder o chão? De sentir que dá passos sem firmeza, de sentir que está sempre sendo vigiado por alguém que é implacável e que não se distrai nunca... mas que não está nas suas costas, mas dentro de ti?

Um inimigo que te põe tanto medo que te trava, que te impede de olhar pra frente e confiar que consegue chegar a outro lugar?

Que te faz olhar pro espelho e não acreditar que aquela pessoa é uma velha conhecida, mas uma estranha? Que te trata com azedume e te cobra pelas oportunidades perdidas, que te chama não pra conversar, mas pra apontar as folhas? 

Essa visão distorcida de si mesma pode ter um nome: depressão. Algo que não se sabe bem onde nem quando começou, muitas vezes vista como cena, como autopiedade, é um problema sério e também de saúde pública.

Quem esteve em contato com o universo da falta de ânimo, de apetite, de vontade de viver, ainda que tenha tudo pra ser feliz, pode ter ouvido inclusive que esse seu estado de espírito é falta do que fazer, que "cabeça vazia é morada do diabo".

Pois bem, hoje uma amiga querida me falou de uma nova versão sobre essa situação que atinge cada vez mais pessoas mais jovens. E ela é linda... longa, mas vale a pena.

Foi-me apresentada assim: o autor, Facundo Cabral, "é como um Raul Seixas argentino"; poeta, músico, profeta, uma pessoa realmente fora do comum e com capacidade imensa de acolher o sentimento de outro ser humano.

Pra quem se sentiu sozinho em algum momento de mergulho no seu interior, incompreendido ou em dúvida sobre se valia a pena continuar na batalha, compartilho o presente que recebi da minha amiga Martha Gutierres:


"Deus te tornou responsável por um ser humano, e é tu mesmo. A ti deves fazer livre e feliz, depois poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros. Lembra-te de Jesus: 'Amarás ao próximo como a ti mesmo'. Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que estás vendo, é uma obra de Deus; e decide agora mesmo ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição".






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