"Um
amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro,
experiências. Racha a culpa, racha segredos". (Martha Medeiros)
Nesse momento em que abro meu coração para as amigas e os amigos, estou me dando um presente pelo dia da amizade. Porque a gente merece se presentear com o que pode nos fazer mais feliz, não apenas com objetos lindos e caros, embora isso também nos encha os olhos.
Não vou fazer grande mistério... Tá bom, gente, eu confesso: está na hora de dar tchau, como diriam os Teletubbies. Tchau, adeus, good bye, auf wiedersehen, ciao, houdoe, adieu.
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Adeus à Ingrid que vinha se aprisionando, se cobrando pelos deveres que se impôs, aos limites que seu colocou e tratou de tornar sua vida pesada, fadigante.
São anos de altos e baixos, de batalhas internas, de discursos mentais, de buscas por fórmulas prontas. Pra que? Pra tentar dizer a mim mesma que correspondi às mais altas expectativas que colocaram para mim e eu tratei de acolher como se tivesse a obrigação de satisfazer.
Não é mesmo uma M... quando a gente permite a si mesma esquecer quem é e passa a cumprir um papel? Quando deixamos que o limite entre o que sonhamos e o que precisamos fazer seja a culpa?
Pois bem, depois de tanto tempo guardando esse sentimento comigo, acho que consegui dizer a mim mesma que viver incentivando outras pessoas a buscarem seus sonhos não é suficiente. Não para esta canceriana com ascendente em sagitário.
Pois é. Fiquei remoendo por muito tempo uma grande vontade de rever meus rumos profissionais. Me acovardei. Fiquei pensando no quanto amo estar com meus filhos e que não valeria a pena encarar um emprego de período integral como professora para ganhar menos do que pagaria por uma escola em turno integral para as crianças.
Pensei no quanto gosto de uma liberdade que é relativa; ser dona de casa tem seus momentos, mas realmente não é meu hobby. Pensei no convívio que tenho com meus pais e irmão, na caminhada com os cães, nos livros todos que adoro ler e não sobra tempo - porque fico perdida nos meus pensamentos - em todas as desculpas que pude arrumar. E quanto menos faço, menos tempo tenho...
No fim das contas, as desculpas foram tomando conta de mim. Quando tive as crises de pânico, então, elas reforçaram esse sentimento. - Será que não eram elas que diziam pra que eu parasse de tapar o sol com a peneira, a cortina e as redes de proteção?
Não tenho receio
de falhar ao começar a caminhada. Meu medo parecia sempre ser chegar ao
primeiro passo, pois estava travada. Até blogar eu andei evitando, pra não encarar que se escrevesse, acabaria dizendo de alguma forma, que não tenho mais tempo a perder com lamúrias, dúvidas e que a coragem que sempre tive continuava dentro de mim, trancafiada, gritando por libertação.
Então de uns dias pra cá, parece que as algemas começaram a ficar mais frouxas. E essa conquista, posso dizer, devo ao apoio profissional, mas principalmente a mim mesma. Poderia ter desistido de ir à terapia, ter me sabotado como em outras ocasiões. Mas parece que dessa vez está acontecendo de um jeito diferente.
Algumas palavras de pessoas queridas fizeram a diferença e elas nem sabem disso. Mas eu mesma tinha de dizer isso. Olhar pra mim mesma diante do espelho e dizer que quero ver aquele brilho nos olhos que sempre tive retornando e tomando conta, pra não poder mais sair de lá.
(George Eliot), dito assim, com letras em verde-esperança.
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