Gente invisível?

Gente, alguém aqui já se sentiu invisível?

Ontem experimentei de uma maneira bem diferente essa sensação.
 
Fui acompanhar o marido num passeio pelo shopping, coisa que raramente fazemos. Íamos ver artigos para o escritório e aproveitar pra espiar preços para os presentes de dia das mães e, por conta de um acidente doméstico em que lesionei o joelho e o tornozelo, precisei pedir emprestada uma cadeira de rodas.

Algumas pessoas passavam e o olhar era de espanto; pareciam pensar: "pra que lado vou?" ou "aff... vou ter de soltar a mão do namorado!" e coisas assim.

Entrei numa loja de brinquedos enquanto os meninos babavam pelos artigos da Apple e, para minha surpresa, um funcionário retirou do caminho um carro onde uma criança de até 4 anos caberia confortavelmente e depois saiu meio que correndo, virou de costas para nao me encarar. #sinistro

Segui olhando os brinquedinhos para ter um pequeno estoque para aqueles aniversários cujos convites aparecem em cima da hora e ninguém apapreceu. Isso é muito incomum em lojas infantis! Geralmente os vendedores se atiram sobre os clientes!!!

Quando me dirigi ao caixa, fiquei aguardando que me atendessem. Acho que se passaram 5 minutos até que um terceiro funcionário chamasse os dois que batiam papo animadamente, dizendo que precisavam cobrar os produtos que estavm sobre o balcão. Eles fizeram a leitura dos códigos de barra e voltaram a conversar. O outro rapaz encaminhou para empacotamento e foi preciso que ele voltasse ao caixa para pedir que cobrassem de mim, pois o balcão era alto e parecia que realmente eles não percebiam a existência de alguém no ambiente e os clientes atrás de mim estavam ficando nervosos e jogando seus produtos por cima de mim no balcão.

Antes de sair da loja, maridão e um amigo que nos acompanhava entraram na loja e os funcionários praticamente deram duplos-twist-carpados para atendê-los. Não vi, pois estava tentando passar por entre os corredores de brinquedos, bastante estreitos.

Em outra loja, o atendimento foi ótimo e é preciso reconhecer... Mas isso não seria necessário se todos os clientes fossem tratados sempre como clientes comuns: com cortesia, educação e atenção, olhando diretamente em seus olhos. Não perguntando aos acompanhantes, mas ao principal interessado o que ele/ela procura.

Mas o melhor ainda estava por vir... Houve novos momentos em que nos separamos e em um deles precisei usar o sanitário. Imediatamente me dirigi ao mais próximo. Infelizmente o banheiro feminino só tinha acesso por escadaria e não havia qualquer informação de localização de banheiro adaptado.

Fui, então, atrás de um segurança. O rapaz, gentilmente, chamou um colega para mostrar onde encontraria um local adequado. No banheiro família não era. Descobri, então, que ficava mais adiante, precisando praticamente atravessar o shopping para chegar até lá. O segurança se ofereceu para conduzir a cadeira, já que eu estava cansada.

Chegando ao lugar, tcharan... Como entrar no banheiro? Era preciso autorizar através de um interfone, depois apertar um botão e... abrir uma porta pesada que, confesso, fica bem complicado, tendo de manobrar uma cadeira de rodas.

E há detalhes importantes, como conseguir chegar perto da privada, manobrar a cadeira para conseguir voltar até a pia e sair do sanitário. Coisas nas quais poucas pessoas pensam quando conseguem se locomover com facilidade. Eu mesma vejo muitas coisas ao acompanhar a rotina do meu irmão e ainda assim nunca saberei bem como é estar no seu lugar! Erro muito, tentando ajudar!!!

Então, se por um lado existe a questão de tentar desviar o olhar de quem tem alguma diferença em relação ao padrão de normalidade, por outro quando se pensa nas pessoas com necessidades especiais, acho que pouco se consulta para que se saiba do que realmente precisam, que sugestões podem dar. E isso faria muita coisa melhorar!

Precisamos sensibilizar as pessoas para que a inclusão não seja apenas mais uma certificação para que locais ditos acessíveis lucrem em cima das pessoas com deficiência em campanhas publicitárias ou políticas.

Locais com rampas na entrada depois apresentam obstáculos físicos que não contemplam espaço para circulação de um cadeirante... Rampas nas calçadas que ficam ocupadas por pessoas que não apresentam limitações para se locomover enquanto quem precisa utilizar esses espaços tem que pedir que as pessoas percebam sua presença e respeitem seu direito de utilizá-los sem que fiquem restritos, afastados dos demais clientes ou escondidos.

São muitas as questões que a inclusão social levanta. Principalmente a de pararmos de olhar apenas para nós mesmos e conseguirmos viver a caridade. Independente de religião, a caridade é fruto de ter a sensibilidade para ver e agir em situações em que uma pessoa precisa de auxílio.

O que observei na curta experiência dessa tarde está martelando em minha cabeça, mas ainda mais inspirando meu coração. E é por isso que pedi ao Max que fale comigo, com a irmã dele, sobre como ele percebe as situações que enfrenta. Porque vivi isso por 2 horas. Meu irmão encara 24hs por dia há 17 anos. E ele topou, viva!!! Espero que isso renda mais um post e chegue a mais pessoas.

Minha proposta é de que, quem se sentir à vontade, conte situações que presenciou e/ou viveu ou, se desejar, se proponha a se colocar no lugar de quem tem deficiência. Para que a gente consiga dar mais voz a quem todos os dias tenta se fazer ouvir.



“Porque a força de dentro é maior. Maior que todos os ventos contrários" (Caio Fernando Abreu).

Dicas de blogs interessantes:
Assim Como Você - Jornalista da Folha de São Paulo que dá voz aos PPDs sendo ele cadeirante.

Infoativo.DefNet - Blog de um psiquiatra que milita pela causa dos portadores de deficiência, pai de meninas com paralisia cerebral.

Deputada Mara Gabrilli - Dicas de serviços voltados ao público PPD em todo o Brasil indicados por uma deputada que é psicóloga e cadeirante.

Arquitetura Acessível - Arquiteta que mostra possibilidades muito interessantes de acessibilidade.

Mão na Roda - Guia de sobrevivência do cadeirante cidadão.

Deficiente Ciente - Inclusão e cidadania.

Spinesocial - Incentivo ao esporte adaptado.

Blogueiras Causando!

Como vocês se sentem quando surge um convite para falar sobre seus blogs? 

Eu falo e penso sobre ele um bocado. Muito mais do que consigo escrever, afinal de contas, faço outras coisas também... Mas o Desconstruindo a Mãe é o meu 5º filho, já que Larissa, Caio, Patrick, Bob Esponja são meus pimpolhos. A cabeça está ligada aos textos que leio em jornais, revistas, blogs amigos que nem sempre consigo comentar... o corpo tem uma velocidade diferente da que o pensamento atinge.
Mas esse convite tem aparecido e vem de pessoas que não conheço pessoalmente, zero de in timidade, e num dado momento fiz um interrogatório para os jornalistas. Sabem o motivo? Fiquei muito ressabiada com aquela matéria infeliz que saiu detonando as mães blogueiras como se fossem malucas que desejam que suas crianças sejam misses ou participem de reality show.

Diante da promessa de que a entrevista significaria a oportunidade de dar voz às blogueiras sobre como se vêem e como a realidade virtual estava vinculada à vida real, topei. E não me arrependi.




Como vocês podem ver, as amigas Carol Passuelo, Camila Colla Duarte Garcia, Glauciana Nunes e eu que vos falo, estamos no encarte de 3 jornais de circulação na região metropolitana de Porto Alegre: NH, VS e Diário de Canoas.

Acho que como blogueiras nós podemos ter muitos embates, debates, dúvidas, polêmicas, mas acho que nenhuma das meninas que participou dessa reportagem se posicionou como formadora de opinião em seus posts diários. Somos, sim, pessoas abertas ao diálogo e que estamos atrás de informações, colaboração, compreensão e que compartilhamos nossas experiências com alegria e deixando inclusive que nosso jeito de lidar com as coisas seja criticado e até malhado... acontece. Mas vejo que temos demonstrado respeito a todas as opiniões que aparecem e que acabam contribuído para que nós façamos reflexão, também. 





De minha parte, digo que me sinto grata pela abordagem bacana que deram e pelo respeito ao depoimento que fiz, pois foi publicado tal como falei. Isso mostra que existem, sim, jornalistas sérios e que merecem ser prestigiados!

E, ainda essa semana estarei na Revista Vida e Saúde e no Correio Braziliense!!! Assim que sair, vou colocar aqui pra gente conferir juntas!

Ciranda: "Pequenos Leitores"

Aqui estamos, ansiosos pela chegada da primeira correspondência com livrinho que circulará pelo Brasil... SIM! Nós estamos participando da Ciranda da Leitura proposta em fevereiro por mamães blogueiras e organizada pelas maravilhosas @migas da Rede Mulher e Mãe

Essa iniciativa tem como proposta que as crianças tenham incentivo para continuar lendo, coisa que essas mães todas estimulam em casa, mas também possam trocar idéias de acordo com sua interpretação dos livros ao enviar atividades deitas em família sobre o que leram. Além disso, o cartão postal enviado para seus coleguinhas do grupo - eram tantas crianças inscritas que foram divididas em subgrupos por idades - é um convite a conhecer o país, fazer turismo e novas amizades vão surgir.

O Caio enviou o livro "Brinquedos", de André Neves. Ele traz a história de brinquedos com que duas crianças são presenteadas: uma boneca e um palhacinho. Com o passar do tempo e o uso, eles ficam gastos e a grande pergunta é qual será o destino dos brinquedos.


Quando a gente pensa em conexões que pode fazer, crianças mais velhas imediatamente lembram do Toy Story 3, de situações como épocas em que as famílias separam roupas, calçados e brinquedos para doar... Mas os pequenos também conseguem ir além da leitura, porque são muito espertos!

Uma possibilidade de atividade, e foi a que o Caio quis fazer, é pensar em brinquedos bacanas, que eles gostam, e desenhar, recortar... pensar em brincadeiras divertidas. E brincar com seus brinquedos!

Já o livro que a Larissa escolheu emprestar para a Ciranda é da autora Lélia Cassol, que ela curte muito!!! As bruxas Merreca e Zamya vão para um congresso e passam por várias cidades. Uma de vassoura, outra de avião. E a filhota adorou lembrar que quando bem pequena vínhamos para o RS ver os avós, padrinhos e primos, mas que depois que voltamos a morar aqui, pouco fomos a SP rever os amigos, mas que nossa ida em novembro do ano passado foi cheia de emoção! Então escolheu desenhar uma viagem de avião e o vento que ficou lá fora... Essa atividade foi feita já faz tempo, como vocês devem ter lido, mas ela quis manter e adorou preencher o cartão postal e o envelope para envio!

Que tal, então, fazer uma atividade relembrando uma viagem que foi marcante para a família? Ou pensar em marcar num mapa quais cidades do Brasil conhecemos?




Nós acabamos não colocando nas correspondências as sugestões de atividade por distração minha e ansiedade das crianças, que estão diariamente me cobrando o recebimento dos livros dos amigos!

Estou feliz que as crianças tenham topado a idéia e aqui está nossa contribuição para a Ciranda! Pequenos Leitores em ação!!!











 

Dia do trabalho

Hoje é dia do mundial do trabalho. Além de um feriado (em 2011 caiu num domingo... pena...), temos também a oportunidade de pensar no sinificado de um dia dedicado ao "labor". 

O que significa "ganhar o pão com o suor do seu trabalho" para cada pessoa? Pode ser dar continuidade ao negócio da família; talvez o cumprimento de uma obrigação; talvez, uma tentativa de melhorar a situação atual; mas pode ser também um degrau para a realização de sonhos ou mesmo o próprio sonho sendo vivido.

Para quem tem saúde e pode trabalhar pode parecer óbvio, banal e até uma espécie de entrada na onda, algo que se faz sem pensar muito. Para quem não a tem, que vontade grande de realizar projetos!

Em muitos países as férias escolares são, para adolescentes, a entrada no mercado de trabalho. Os trabalhos temporários são incentivados pelas famílias como forma de valorização do empenho e do quanto obter o dinheiro com esforço próprio é importante para a formação do caráter de uma pessoa.
Estudantes universitários cumprem horas trabalhando em bibliotecas, lanchonetes e outros locais para subsidiar seus gastos com material escolar ou lazer.

E nós, brasileiros, como fazemos?

Quem é de família mais humilde, tem a bolsa família,  mas vemos muito trabalho infantil nas esquinas, gurizinhos e guriazinhas vendendo tranqueiras e guloseimas, ou mesmo a mendicância. Tem crianças que trabalham como guias turísticos, cortadores de cana, engraxates (ainda existem!!!), cantores em parques...



Mas essa não é a realidade dos meus filhos. E como fazer com que eles valorizem o trabalho, seja qual for?

Nós trabalhamos. Temos a satisfação de fazer com prazer, pois trabalhamos com o que gostamos e temos boas histórias para contar sobre os tempos de estudo e de prática diária.  Continuamos nos atualizando, também, e as crianças de alguma forma sabem disso. Mas isso não é suficiente. 

No momento em que as crianças têm tudo nas mãos, não conseguem visualizar que para conquistar as coisas é preciso dedicação e que leva tempo. E que não se ganha tudo o que se pede, que o que aparece na propaganda não está tão acessível quanto parece. Alé, disso, existe o merecimento...

Então, procuramos através de artifícios como um cofrinho para comprar um brinquedo no dia da criança, ou mesada - que ainda não fizemos (cada família tem seu método e estamos abertos às sugestões!!!),  ensinamos e pedimos ajuda nas tarefas de casa... pois todos fazemos parte desse ambiente, dessa pequena comunidade que, para funcionar, precisa da colaboração de todos.

Mas, se trocarmos a participação nas tarefas for trocada por prêmios, não sei se terá o mesmo efeito que desejo. A satisfação de se sentir útil, de aprender algo novo, de conversarmos enquanto um lava e outro seca a louça afim de que haja mais tempo para a família fazer outras atividades, acho que poderia bastar.

Sei que há famílias que prometem presentes, viagens, carros para quem conclui os estudos. Particularmente sou contra. Acredito, sim, que meus filhos mereçam nossa ajuda para conquistar seus sonhos, mas não desejo que só estudem se for para ganhar um carro zero quilômetro ou um apartamento.

Por isso, repasso a pergunta... como vocês abordam a questão do trabalho com suas crianças?  

*imagens: reprodução
 

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