Não costumo falar aqui do meu trabalho, mas ando com uma vontade imensa... Será que isso interessa a mais alguém que não a mim mesma? Bom, o blog é de uma mãe que era exclusivamente dedicada à vida familiar, mas vem buscando ampliar seus horizontes e retomar alguns aspectos que continuam sendo importantes em sua vida... Então me permito falar desse projeto em que entrei de cabeça: www.ipadnasaladeaula.com.br
É apaixonante olhar para algo que nos interesse e dizer que é possível criar em cima da ideia, de maneira divertida, inteligente e útil. E sentir-se útil e tornar acessível algo assim para outras pessoas me encantou.
Sou professora de Ciências e Biologia de formação e fiz mestrado em Educação, uma área ampla pra caramba. Sempre tem o que estudar, novos interesses e informações surgindo. Há 11 anos defendi minha dissertação e optei por não seguir na pesquisa porque queria adquirir experiência, mas não imaginava que fosse passar tanto tempo distante, ou que seria dessa maneira, pelo menos.
Sei que fui professora de rede pública e de faculdades particulares em São Paulo, pequenas na época, mas que me colocaram num espaço especial que é o da reflexão sobre ser professora, nossa formação e isso mexeu muito comigo.
Nem sempre fui considerada "a" professora e muitas vezes tive embates com as turmas sobre a forma de encarar o trabalho que realizava por ter alunos - em sua maioria com experiência no magistério, sendo obrigados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (de 1996) a fazer a faculdade de Pedagogia - porque muitos achavam "uó" ser corrigidos, questionados, colocados para repensar algumas posturas e costumes da nossa profissão. Mas, principalmente, detestavam quando eu dizia que éramos preparados para lidar com conhecimento, mas não com pessoas.
Bem, quando a Larissa nasceu, optei por ser mãe 24hs até me sentir à vontade para voltar ao mercado de trabalho. E foi bom demais! Mas, quando me dei conta, não estava conseguindo ter tanta vontade assim de voltar a trabalhar da mesma maneira e nem queria deixar de estar com a minha filhota ou que ela fosse criada pela babá - que nunca teve. E isso durou bastante tempo!
Acabei fazendo trabalhos eventuais em casa, principalmente pela internet. E foi aí que descobri a existência de blogs de todos os assuntos, inclusive sobre maternidade. Trabalhei com geração de conteúdo para médicos e pacientes em dermatologia e esclerose múltipla.
Quando voltamos para Porto Alegre, quando fui chamada para trabalhar em uma escola, descobri que estava grávida e contei para quem havia me selecionado... #fuéééeén... A honestidade me rendeu um tapinha nas costas e um comentário agradecendo, por telefone, que agradeciam por ter sido sincera, mas que então ficariam com um homem, que tinha ficado em segundo lugar na seleção, pois ele não precisaria de licença-maternidade.
E quando o Caio chegou, eu quis repetir a dose de dedicação, mas meu coração já dividia a culpa por sentir necessidade de trabalhar e me realizar nesse sentido - alguém que tenha voltado a trabalhar não passou por isso? - e lutei comigo mesma, durante um bom tempo. Seria menos mãe ou amaria menos o meu pequeno por ficar menos anos em casa do que passei com a Larissa?
Pois bem, quando encontrei um meio de trabalhar com horários interessantes para mim e fazendo o que gosto, que é trabalhar com pessoas, fechou todas! Agora trabalho com reflexão acerca do uso de ferramentas tecnológicas em escolas, assessorando professores, coordenadores e direção de escolas e faculdades. Estou realizada e produzindo! Me sentindo "com as mãos na massa" e contribuindo para a busca de um equilíbrio naquilo que chamamos de educação de qualidade, pois o ensino voltado apenas para entrar em universidades me cansa, enquanto também tenho várias restrições ao que tanta gente chama de educação construtivista e que virou oba-oba.
Imagem: http://www.dc3com.com.br/site/?p=1128 |
Mas fiz toda essa volta porque quero dizer que acredito que num dia importante como o de hoje, é preciso colocar em pauta que vejo no meu trabalho a possibilidade de inclusão social de pessoas autistas. Os tablets estão apresentando a essas pessoas tão especiais novas formas de interação, o que lhes é bem difícil; possibilitam brincar, despertam interesses, enfim... Tem muita coisa boa para descobrir com esses equipamentos, se utilizados por pessoas preparadas e interessadas em conhecer o universo autista e o da tecnologia como uma ponte para a integração. Especialmente na Educação Especial vejo que temos muito a aprender e a descobrir com nossos alunos Portadores de Necessidades Especiais no que diz respeito a enxergar o outro e ouvi-lo, com atenção. Com carinho e aprendendo com suas famílias como é possível nossa sociedade abrir espaços e abraçar sua causa.
Minha homenagem hoje é para as minhas amigas Geovana Centeno, Nanci Vieira da Costa e Karla Coelho, mamães blogueiras, que estão firmes no propósito de despertar as potencialidades de suas crianças. Espero que gostem do video abaixo!