(Foto: Marcelo Oliveira, Jornal Zero Hora)
Se em POA estava tinhoso de ver,não tinha como ser diferente: o ciclone passou pela terceira vez pela cidade litorânea onde meus sogros vivem. Segundo estimativas, mais de 600 casas ficaram destelhadas.
Embora tivéssemos planos de vir passar o sábado na praia, acabamos vindo mesmo é pra conferir como foi o estrago, já que ficaram sem tv, celular, telefone fixo, água e luz por algum tempo. As reportagens diziam que a coisa estava complicada, mas de perto fica ainda pior.
Dessa vez a prefeitura agiu rápida e incansavelmente, recolhendo desabrigados, ajudando a recolher escombros, enfim, dando um jeito, do jeito que deu...
Impossível não ser solidário ao ver tudo o que ficou de lembrança desse episódio: tristeza, saques, miséria, tentativas de arrumar os estragos com o tempo ruim, cheio de chuviscos, nuvens ameaçadoras e vento forte a atrapalhar.
O que de bom se colhe nesses momentos é a força que a união tem de tirar do chão quem está no fundo do poço, de fazer todos arregaçarem as mangas e recomeçarem, corajosamente em lugar de se entregarem ao desespero. Elas permaneceram, embora creia que tenham sentido um tremendo ímpeto de fugir.
Se as pessoas soubessem a potência que têm, usariam sua força para conquistar tantas outras coisas!
Esse valor espero conseguir transmitir aos meus filhos: garra. Chorar não é problema, já que lava a alma, alivia, mas ficar ancorado ao choro impede o crescimento.
Já tive momentos em que, desanimada, só conseguia chorar. Fiquei com pena de mim. Hoje, graças a Deus, me vejo diferente e encaro desafios duma outra maneira, mas esses dias de depressão não estão tão distantes assim.
Nos momentos em que estive com a alma machucada, também foi a solidariedade que me salvou. Mãe, marido, fiha, irmão foram meus alicerces, a base onde encontrei solidez pra me reerguer. E é assim que desejo ser pros meus filhos: firme.
Já que no momento pareço um cão correndo atrás do rabo com meus pensamentos, vou parar de viajar na maionese e brincar com meus pequenos!