Reportagem da Zero Hora: "Pais não estão preparados"

"Pais não estão preparados", diz promotora que exigiu censura em Tropa de Elite 2

Para Simone Spadari, classificação indicativa é baseada em análises psico-sociais e deve ser respeitada


 Os pais não estão preparados para dispor sobre isso.

É com essa frase que a promotora Simone Spadari, do Ministério Público de Santa Cruz do Sul, explica uma decisão polêmica tomada na última semana. Ela exigiu que a classificação indicativa do filme Tropa de Elite 2 seja respeitada no cinema da cidade e proibiu que menores de 16 anos entrem na sala onde é feita a exibição, mesmo que estejam na companhia dos pais ou responsáveis.

Muitos pais chegam a discutir com os atendentes dizendo "o filho é meu, ele vai entrar". Mas é preciso entender que há determinados interesses sobre os quais os pais não podem dispor explica a promotora de Justiça.

 Você concorda com a necessidade de classificação indicativa nos filmes? Dê a sua opinião

Simone foi alertada para o caso quando viu uma carta escrita por um leitor a um jornal da cidade. Na página, estava relatada a presença de uma criança de 10 anos em uma das salas de exibição. O menino, acompanhado dos pais, assistia ao filme, que foi classificado pelo Ministério da Justiça, como inadequado para menores de 16 anos.



A promotora, então, exigiu que o gerente do cinema local tomasse medidas para garantir que isso não ocorresse novamente. Ela recomendou que cartazes fossem colocados na bilheteria alertando o público para a proibição da entrada de menores de 16 anos nas salas em que Tropa 2 está sendo exibido e, também, que uma pessoa fosse designada para prestar esclarecimentos aos pais que insistissem entrar no cinema com os filhos menores.

A justificativa para isso é simples, segundo ela: crianças e adolescentes menores de 16 anos não têm maturidade emocional para compreender esse filme como uma obra de ficção, que pode ter inspiração na realidade, mas não é parte dela.

As cenas são muito violentas para a criança, que ainda não está com maturação suficiente para assimilar as imagens e mensagens desse filme. Ele não só expõe violência explícita, de execução sumária, mas também implícita, de tráfico de influência, de corrupção. E é preciso estar melhor preparado para fazer a interpretação explica Simone.

Segundo a promotora, os pais precisam respeitar a classificação indicativa e vê-la como uma aliada, uma vez que ela é definida com base em uma série de análises psicossociais e comportamentais e serve para auxiliar no desenvolvimento da criança e do adolescente.

É muito difícil ser pai, hoje em dia, porque se eu exerço a interdição, no sentido de eliminar os excessos, inevitavelmente eu serei questionada pelo meu filho. Porque o coleguinha dele tem os pais mais liberais, que permitem fazer coisas que eu não permito. Mas isso não é motivo para ir contra esse tipo de determinação  diz.

A recomendação da promotora está em prática no cinema de Santa Cruz do Sul. Caso ela seja desrepeitada, e um novo caso seja registrado, pode ser ajuizada uma ação civil pública que, através de uma sentença condenatória na Justiça, exija o cumprimento da recomendação. Os pais que levarem os filhos menores de 16 anos ao cinema nesse caso, podem responder junto ao Conselho Tutelar sobre o descumprimento.



Entenda como é definida a classificação indicativa

Antes de estrear nas salas de cinema de todo o país, qualquer filme precisa passar por uma classificação, feita pelo departamento chamado Classificação Indicativa, do Ministério da Justiça. Os classificadores passam por três fases distintas de trabalho, tendo sempre em vista a análise do grau de conteúdos relacionados a sexo, drogas e violência.

Na primeira fase do trabalho, o classificador analisa o perfil das personagens e de seus relacionamentos, as ações e condutas contracenadas, os efeitos sonoros e visuais contemplados, o grau de nudez nas relações sexuais, os instrumentos utilizados pelos personagens nas cenas de violência e o tipo de droga abordada na obra.

Com base nessa avaliação, faz-se a descrição temática do filme. Levando em conta o contexto, avaliam-se quais temas estão expressos na obra. Ao observar como esses temas são tratados, é possível ver de que forma estão expressos, na obra, os princípios constitucionais que regem o país. De acordo com a Constituição, produtores e emissoras devem dar preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, bem como respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Depois dessas avaliações, o filme é classificado como livre ou inadequado para menores de 10, 12, 14, 16 ou 18 anos. O Ministério da Justiça classifica, em média, 10 mil obras audiovisuais por ano, com índice de aceitação que ultrapassa os 90%, tanto das empresas quanto da sociedade, segundo pesquisa do órgão.

A reportagem foi compilada do Jornal Zero Hora: http://zerohora.clicrbs.com.br/

Pensando em coisas boas

Texto de Rosely Sayão: Com que roupa?

Separei esse texto da excelente psicóloga Rosely Sayão para compartilhar.  

Na escola da Lalá o uniforme cada vez fica mais "fashion", mas continua de uso obrigatório até o fim do ensino médio. Eu adoro ( a gurizada também!)! E vocês?

Há variedade de modelos, pra ajudar os alunos a aderirem ao unfirme
COM QUE ROUPA?


As chamadas boas maneiras foram abrandadas, depois criticadas e, por último, esquecidas


Uma escola promoveu reunião para os pais de alunos que terminam o ensino fundamental este ano e iniciam, no próximo, o ensino médio.


Um dos temas abordados e que gerou grande interesse na discussão foi a não obrigatoriedade do uso do uniforme para esse ciclo.


O argumento da escola para liberar a presença dos alunos nas aulas sem o uniforme foi o de que, nessa idade, os jovens preferem usar roupas informais.


Já alguns pais pediam seu uso por uma questão de economia apenas.


Esse tema me lembrou dois fatos. O primeiro foi a conversa que tive, pouco tempo atrás, com uma executiva de empresa multinacional que lidera uma jovem equipe. Ela contou, na época, que enfrentava uma situação bastante constrangedora para ela: ter de falar com seus funcionários a respeito das roupas que eles não deveriam usar no ambiente de trabalho, por serem inadequadas. Aliás, vários diretores de escola e coordenadores já tiveram de fazer o mesmo com alguns professores.


O outro fato foi a observação que fiz em horários de entrada ou saída de escolas de ensino médio.


As roupas que alguns alunos usam são próprias para a praia, para o período de férias ou mesmo para uma reunião entre amigos. Vemos até garotas vestidas com roupas provocantes, extremamente curtas e decotadas.


Que tipo de roupa usar em determinadas situações? Como se comportar em diferentes locais da comunidade?


Qual o tom de voz apropriado para uma breve troca de ideias com o colega na sala de um cinema etc.?

Os manuais de boas maneiras ou de etiqueta já não fazem o mesmo sucesso experimentado décadas atrás, e perguntas como essas já não têm respostas únicas.

E agora?


Com mudanças velozes nos costumes, no comportamentos e nas regras, e a introdução na vida cotidiana de novos hábitos como o uso do telefone celular, por exemplo, são tamanhas transformações na convivência social que as chamadas boas maneiras foram inicialmente abrandadas, depois duramente criticadas para, em seguida, serem esquecidas.


Agora, entretanto, têm sido evocadas em diversos ambientes e por várias instituições. Famílias e escolas, por exemplo, têm se debruçado sobre essa questão.


É compreensível: num momento em que vivemos uma crise de civilidade, a cortesia, a gentileza, o respeito e a polidez no trato com o outro parecem ser bons remédios para acalmar a generalizada grosseria e a agressividade reinante nos relacionamentos interpessoais.


Precisamos reconhecer que já não é mais possível apontar maneiras únicas de se portar na relação com os outros, nos mais diversos locais e situações.


Ao mesmo tempo, precisamos também considerar que a vida pública e os relacionamentos sociais precisam ser mediados por algumas normas e essas sempre estão referenciadas a alguns princípios e valores.


Pensar no uso ou não do uniforme na escola considerando apenas a preferência juvenil ou os gastos familiares é ignorar que os mais novos precisam conhecer os valores e princípios que escolhemos para construir o presente deles e, logo, o nosso futuro.


Mas será que a maneira como nós temos conduzido esse processo irá permitir que eles façam escolhas bem informadas? Pelo depoimento da executiva citada antes e pelo ainda recente "caso Geisy Arruda", parece que não.

*Rosely Sayão é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)

Folha de S. Paulo, Equilíbrio, 2/11/2010
Link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0211201010.htm
   



Mesmo de uniforme, a filha dá um jeito de fazer sua moda...

Blogagem coletiva para dia 19/11: uma proposta

Amigas e amigos blogueiros,

Não é preciso ser mãe nem pai para ser sensível à questão da violência doméstica contra crianças e adolescentes... E a divulgação da idéia que a @mamaede3 deu, de uma blogagem coletiva parece estar sendo aceita, pelo que vejo de tweets, posts no FB, comentários e e-mails que estão chegando.


Gostaria de sugerir uma blogagem coletiva "dupla": falar abertamente sobre sua opinião a respeito da violência doméstica, do jeito que bem entender... Mas também dando um exemplo de como saiu de uma situação que poderia ter evoluído para um momento de perda de controle, uma vitória pessoal sobre a impaciência, ou como contornou provocações (sim, elas acontecem com todo mundo)... Porque, como todos sabemos, os desafios são constantes e às vezes a criatividade parece esgotar! Isso serviria para motivar e também para darmos boas risadas, quem sabe?!

Quem quiser participar dessa blogagem por favor deixe nos comentários de hoje a sua inscrição, dando o endereço do blog para que todos prestigiemos, Ok?! Dia 18, véspera da data mundial de combate à violência contra crianças e adolescentes seria a postagem e, assim, no dia 19 todos poderemos ler e divulgar o que tivermos lido.

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