Quando pensava em que tipo de mãe eu gostaria de ser, não tinha dúvidas: a que daria conta de tudo. Que não precisaria cozinhar, mas o saberia muito bem; que teria tempo para brincar com os filhos sem deixar nenhuma de suas outras atividades mal-feitas, a casa ficaria organizada, que teria a paciência que faltou à minha mãe ou que seria tão boa quanto ela, porque a minha mãe é boa em muito do que faz. Seria a melhor amiga da minha filha. Conseguiria trabalhar, estudar e ser mãe amorosa sem perder qualidade de vida. Seria "safa" e trocaria pneu, teria um corpinho de sílfide, com tempo pra namorar o marido, enfim, seria um protótipo de perfeição.
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Li vários dos livros de "sobre como" educar crianças, busquei nos mais experientes os caminhos para uma maternidade plena, feliz. Eles em parte muito me ajudaram. Em alguns momentos, atrapalharam bastante, porque as receitas não funcionam do mesmo modo com pessoas diferentes. Então me atrapalhei. #fail
Tive depressão pós-parto ("como assim, se ela queria taaanto ter filhos?"); estrias mesmo com tanto óleo de amêndoa e hidratantes; os partos não consegui que fossem normais apesar da dilatação de 9cm e das contrações induzidas porque as crianças ficaram em posições que poderiam prejudicar a saída; não conseguia relaxar e dormir mesmo quando a Larissa estava ressonando, porque tinha receio de não atendê-la e ela sentir que tinha uma mãe relapsa.
Com o tempo, o nível de exigência que eu tinha também estava sendo repassado à minha filha. Ela falou cedo, caminhou sozinha no dia do aniversário do vovô, adaptou-se em escola no priemiro dia, me dizendo que "escola era lugar de criança, que eu fosse embora" e nunca teve retrocessos nesse sentido.
Mas eu também sempre falei com ela de igual pra igual e dei muitas explicações; estive muito esgotada de tanta dedicação (será que ela já pediu por isso?); me comportei como uma mãe-missionária, como comentei no post da @ctlongo (Calu) na Rede Mulher e Mãe, que se via como o esteio da família, que colocava a família como prioridade e estava me posicionando do mesmo modo que sempre vi minha mãe fazer: eu que sei fazer isso ou aquilo, como cuidar das crianças e acabei em muitas ocasiões podando as iniciativas do Alemão.
Assim, me tornei uma pessOa ainda mais crítica do que já costumo ser. Fiz bullying comigo mesma, sempre achando que não era boa o suficiente. Insatisfeita, triste, tinha a sensação de não estar nunca no eixo e voltei a adoecer da alma. E banho tomado, dentes escovados, consultas médicas em dias tinha de ser o suficiente.
O tempo foi passando e eu fui me tornando cada vez menos mulher, esposa, companheira. E cada vez mais mãe. Até do marido, embora nunca tenhamos nos chamado de pai e mãe a não ser quando queremos nos referir um ao outro para as crianças.
Fez falta ser mais mulher, profissional, mas posso dizer que não me lembro de ter deixado de ser amiga - pelo menos em alguma coisa eu posso dizer que me sentia estar "bem na foto".
O tempo foi passando e eu fui me tornando cada vez menos mulher, esposa, companheira. E cada vez mais mãe. Até do marido, embora nunca tenhamos nos chamado de pai e mãe a não ser quando queremos nos referir um ao outro para as crianças.
Fez falta ser mais mulher, profissional, mas posso dizer que não me lembro de ter deixado de ser amiga - pelo menos em alguma coisa eu posso dizer que me sentia estar "bem na foto".
Aí vem um outro post que complementa o da Calu, no mesmo site e, lá, a Glau (@BlogCoisaDeMae) fala que está em crise com ser "apenas" mãe e perder suas outras identidades. Já faz um ano que estou na batalha por resgatar todas as outras Ingrid que eu sou, através da terapia. E é uma luta constante, nada fácil. Em outros momentos fugi da terapia dando mil desculpas.
Gera ansiedade sair do compportamento padronizado ao longo de 35 anos e que repassei à minha filha, que já está entrando no mesmo esquema de eterna insatisfação, de cobranças por uma dedicação ou comparações com outras pessoas que parecem não ter fim.
Por mim e por ela é que estou buscando fazer diferente e me sentir menos cativa das escolhas que fiz. Flexibilizar e remodelar as coisas.
Nesse momento em que estamos todos nos readaptando a ter mãe que também trabalha profissionalmente, vejo que a minha pequena está dividida. Ela quer a mãe com 100% de dedicação, mas sente orgulho das coisas que compartilhamos sobre como é bom ter uma atividade que se goste de fazer, além de cuidar da família.
Me sinto culpada, em alguns momentos muito impaciente e ansiosa, mas bem menos do que quando era só mãe. O desafio está posto, procurar um equilíbrio.
Gera ansiedade sair do compportamento padronizado ao longo de 35 anos e que repassei à minha filha, que já está entrando no mesmo esquema de eterna insatisfação, de cobranças por uma dedicação ou comparações com outras pessoas que parecem não ter fim.
Por mim e por ela é que estou buscando fazer diferente e me sentir menos cativa das escolhas que fiz. Flexibilizar e remodelar as coisas.
Nesse momento em que estamos todos nos readaptando a ter mãe que também trabalha profissionalmente, vejo que a minha pequena está dividida. Ela quer a mãe com 100% de dedicação, mas sente orgulho das coisas que compartilhamos sobre como é bom ter uma atividade que se goste de fazer, além de cuidar da família.
Imagem: http://www.pititi.com |