Descontentes, consumidoras denunciam #mulhernapropaganda

De acordo com o site de notícias G1, uma série de propagandas de lingerie recentes está dando o que falar. Confiram a notícia que compilei do site acima citado:



28/09/2011 11h17 - Atualizado em 28/09/2011 12h55

Governo quer suspender comercial de lingerie com Gisele Bündchen

Secretaria diz que recebeu seis reclamações contra a campanha da Hope.
Vídeos mostram a modelo usando a sensualidade para resolver problemas.

Fábio AmatoDo G1, em Brasília
Propaganda da marca de lingeries Hope, com Gisele Bündchen (Foto: Reprodução)Propaganda da marca de lingeries Hope, com
Gisele Bündchen (Foto: Reprodução)
A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República enviou nesta terça-feira (27) um ofício ao Conselho Nacional de Autoregulamentação Publicitária (Conar) pedindo a suspensão de uma campanha da fabricante de roupas íntimas Hope, estrelada pela modelo Gisele Bündchen.
O vídeo pode ser visto no Youtube.

Os vídeos da campanha, chamada “Hope Ensina”, mostram a modelo contando ao marido que bateu seu carro e estourou o limite do cartão de crédito. Primeiro, Gisele revela os problemas vestida com roupa e, na sequência, apenas de lingerie. A propaganda diz que a primeira maneira é errada e, a segunda, a correta. E incentiva as brasileiras a usar seu charme.

“‘Hope ensina’ é a campanha da empresa que ‘ensina’ como a sensualidade pode deixar qualquer homem ‘derretido’. Nela, a modelo Gisele Bundchen estimula as mulheres brasileiras a fazerem uso de seu 'charme' (exposição do corpo e insinuações) para amenizar possíveis reações de seus companheiros frente a incidentes do cotidiano”, diz nota divulgada pela SPM.
A secretaria afirma que sua ouvidoria recebeu seis reclamações de pessoas “indignadas” com a propaganda desde o dia 20, quando ela foi ao ar. Além do ofício ao Conar, a SPM também enviou documento ao diretor da Hope Lingerie, Sylvio Korytowski, “manifestando repúdio à campanha.”

“A propaganda promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora os grandes avanços que temos alcançado para desconstruir práticas e pensamentos sexistas. Também apresenta conteúdo discriminatório contra a mulher, infringindo os artigos 1° e 5° da Constituição Federal”, completa a nota da SPM.
O Conar, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que poderá dar uma resposta sobre o ofício da SPM somente no início da tarde.
HopePor meio de nota, a Hope disse que a propaganda teve o objetivo de mostrar, de forma bem-humorada, que a sensualidade natural da mulher brasileira pode ser uma arma eficaz no momento de dar uma má notícia e que, utilizando uma lingerie Hope, seu poder de convencimento seria ainda maior.
"Os exemplos nunca tiveram a intenção de parecer sexistas, mas sim, cotidianos de um casal. Bater o carro, extrapolar nas compras ou ter que receber uma nova pessoa em sua casa por tempo indeterminado são fatos desagradáveis que podem acontecer na vida de qualquer casal, seja o agente da ação homem ou mulher", disse a nota.

O que você vai ser quando crescer

Saber o que vamos ser quando crescermos é uma questão que acompanha todas as pessoas, desde que nascemos; embora seja uma questão, no título deste post não coloco um ponto de interrogação... Sabem o motivo?

Porque antes mesmo de nascermos há todo um imaginário que se cria em torno da criança que está a caminho; mas não é apenas o sonho dos familiares que influencia a formação da personalidade e as escolhas que uma criança fará (e farão por ela) ao longo de sua vida até que se torne adulta.

Então chegamos ao ponto que eu queria colocar e que é a proposta da blogagem coletiva de hoje: a publicidade é outra das muitas instâncias que nos ensinam quem somos, o que queremos, o que desejamos e onde chegaremos - através do consumo. Ou seja, existe uma pedagogia na publicidade! - Essa afirmação não é minha, na verdade muitos pesquisadores abordam o tema, inclusive lembro de ter estudado a respeito nos tempos do mestrado, em que tomei contato com os estudos culturais (mas aqui quem está falando não é uma especialista no assunto, meu tema de estudo foi outro!).





Fica mais fácil de compreender o quanto isso fica arraigado em nós quando analisamos as propagandas dirigidas ao público feminino e masculino desde a infância: são panelinhas, pias que imitam o serviço doméstico e relatadas como "igual à da mamãe", reforçando que este é um trabalho feminino; ou mostrando apenas meninas cuidando de filhinhas/bonecas, como se esse fosse um universo ao qual as meninas ficassem restritas. Os meninos vão brincar com outro tipo de artefatos (culturais), reforçando de seu lado a sua masculinidade através do uso de armas, automóveis, brinquedos que remetam às aventuras e a satisfação pela superação de desafios que não tomam contato com esse universo feminino. Portanto, os papéis sociais já se mostram bem definidos!










Assim, crescemos incorporando, literalmente, a identidade, aquilo que nos define, como se fosse única, engessada. E, se não questionamos os estereótipos, acabamos por reproduzi-los! As roupas de crianças, então, mostram o quanto as meninas e meninos (talvez menos eles do que elas) se vestem como mini adultos, coisa que me recuso a fazer com minhas crianças. Porém sei que não sou a única influência que elas têm e que em uma sociedade que produz cosméticos, calçados, acessórios, enfim, todo um ambiente propício ao consumo que é estimulado com seu bombardeio via meios de comunicação, é importante questionarmos com as crianças essas posturas fixas, como "menino não usa cor de rosa", "menina não pratica determinados esportes nem usa certas roupas" e muito mais.


Mas, quando nem chegamos à vida adulta, a coisa fica ainda mais cruel! As revistas femininas são sempre com capas de folhas cheias de modelos magérrimas, com expressões felizes, posturas poderosas, de quem está segura de si, coisa que justamente uma adolescente não é em relação ao próprio corpo, que está se desenvolvendo. Então podemos pensar que existe uma ditadura da beleza magra - as estatísticas de cirurgias plásticas em adolescentes são ridiculamente altas, confirmando! -, mas essa ditadura surgiu de onde?


A publicidade não tira da cartola um discurso que não existe, mas se apropria de "teorias" que circulam em nossa sociedade! Os cenários/paisagens, o figurino escolhido vão dizendo quem somos, dando as regras do jogo, normatizando nossas vidas. Mas não somos obrigadas a aceitar quando dizem em uma propaganda de sabão em pó, que o cuidado com as roupas da família cabe à mulher apenas. Ou que a família padrão é aquela em que uma mulher sorridente serve o café da manhã quase flutuando enquanto um homem lê o jornal e as crianças faceiras e educadas, sem bagunçar, refletem o tipo de mãe que devemos ser, que ambiente devemos organizar e que educação devemos dar aos nossos filhos. - Os filhos de vocês são assim? E alguém aí me ensina a flutuar?


Talvez algumas das propagandas que mais me irritem sejam essas:










Mulheres neuróticas por limpeza... Mulheres que vivem em função disso, porém não dão conta de ter suas casas bem cuidadas. A série de propagandas da "Neura", uma personagem sem cor, com postura cansada e escabelada, contrasta com a das mulheres "cuca-fresca", libertas pela existência de um produto inovador e que não demanda esforço para obter os resultados desejados - ahãmmmm.


Quando não estão vivenciando sua neurose, elas estão cercadas de homens, pois parece que, então, "ter tempo para sua vida" significa necessariamente constituir família. - E quem disse que tem de ser assim? Uma mulher só pode ser realizada se tiver marido e filhos?


Ter tempo para a sua vida pode significar isso e muito mais!










Além disso, me incomoda pensar que nunca aparece um homem realizando tarefas domésticas, sendo que, sim, os homens são capazes e realizam hoje em dia diversas tarefas, compartilhando com seus companheiros ou companheiras o cuidado com o lar.  


Assim, penso nas inúmeras propagandas em que somos representadas na publicidade, só aparecemos como mulheres sensuais como uma Gisele Bündchen personificando a mulher sonsa, mas que compensa sendo sensual a ponto de persuadir o marido de que ela pode dar uma pirada básica estourando os cartões de crédito ou a Juliana Paes, "A BOA", da campanha da cerveja, parceira de boemia.


Os corpos que hoje trabalham representando em torno da metade da força de trabalho e recebem salários menores por pertencerem ao gênero feminino são os mesmos que lutaram por transformações na sociedade e conquistaram direitos como o votar e ser votada, escolher trabalhar fora de casa em outras profissões que não as de serviço doméstico ou cuidados com crianças, como antes permitia a formação em escola "normal". Conquistaram também o direito ao divórcio, a adoção sem ter um parceiro, enfim... esses mesmos corpos continuam sendo tratados como objetos, enquanto permitirmos que nossa cultura não se modifique. Você escolhe o que quer ser quando crescer, não precisa engolir o que querem que você seja.


Quando pararmos de consumir aquilo que é vendido utilizando nossa imagem de maneira que nos desagrada, acredito que o mundo da publicidade se verá obrigado a passar por uma reciclagem. Até porque, sabe-se, nós mulheres costumamos dar a palavra final na hora das compras da família, pois conquistamos o direito de ter opinião e devemos fazê-la valer.


Quem propôs a blogagem coletiva foi a nossa querida amiga Silvia Azevedo, do blog Uma Pitada de Cada Coisa.

O que você está lendo?


Entre 28 de outubro de 15 de novembro de 2011 acontecerá a 57ª Feira do Livro em Porto Alegre; entre 1º de 11 de setembro aconteceu a 15ª Bienal do Livro no Riocentro, na cidade do Rio de Janeiro.

Em tempos de e-books, iBooks e de pesquisas que apontam uma redução no interesse de jovens e adultos pela leitura de textos longos, aqui no Desconstruindo a Mãe aposta-se justamente no contrário: nós queremos é mais! Acredito que o gosto pela leitura é desenvolvido conforme mais se lê e mais se compartilha.

Por isso, pergunto: - O que você está lendo? De que gênero mais gosta? Quem são seus autores favoritos?

No dia 15 de outubro de 2011 será sorteado um volume do livro Não Deixe o Sol Brilhar em Mim, primeiro romance do autor Evando Raiz Ribeiro, brasileiro residente no Japão há cerca de 20 anos. Ele é escritor, webdesigner e está lançando simultaneamente o livro no Brasil e no Japão.

São 312 páginas de uma história que tem muito suspense, com toques de romance e história, já que se passa na década de 70, remontando à infância de Evan, já que o cenário é o nosso país. 

Para concorrer, seguidores do Desconstruindo a Mãe deixem um comentário sobre seus autores favoritos e deixando seu contato para depois pegarmos endereço (válido apenas para residente ou que tenha como receber no Brasil) e encaminhar a entrega do prêmio! Se desejarem divulgar o sorteio, isso aumentará suas chances, desde que deixem o link para conferirmos.

Aumentem suas chances seguindo @evanbrjp, o autor, e deixando o link de divulgação do sorteio em suas redes sociais nos comentários deste blog.


Imagem divulgada com autorização do escritor

O sorteio será realizado pelo random.org no dia 15/10/2011, Ok?!

Boa sorte!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...