Essa semana estive em contato com a raiva... Não sei se tinha noção do quanto ela doía, porque era espinhosa, impedia aproximação e parecia incontrolável.
E quanto mais próxima de mim, mais ela mostrava o seu poder de fogo. Os sentimentos de frustração, angústia, decepção, medo, vergonha me fizeram travar e literalmente adoeci de tanta raiva ruminada. Choro, indignação, frustração, uma parte de mim que não gosto muito de mostrar esteve presente e eu estava prestes a explodir.
Normalmente as pessoas dizem que passo uma impressão de serenidade, de ser ponderada, muito doce, meiga mesmo. Eu mesma costumava me ver assim, mas em 2010 entrei em contato com o "lado negro da força".
Vou ter de deixar pra falar sobre os rumos dessa história um pouco mais tarde, porque tenho compromisso e vi o quanto era difícil colocar em palavras pela demora em escrever.
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Voltando... Levei tanto tempo pra escrever estes primeiros parágrafos...ufa...
Compartilhar sentimentos bacanas e parecer feliz diante dos outros nas redes sociais parece fácil, com tantas máquinas digitais disponíveis. Mas se expor e mostrar real e virtualmente, admitir que se tem sentimentos ruins, pode manchar a imagem que vivemos construindo diante dos outros.
A imagem que tinha de mim mesma acabou ruindo um pouco, quando entrei em contato com a fúria interior. Descobri que a raiva que parecia ser do mundo todo, a verdade era raiva de mim mesma. E ela teve origem na busca constante por dar conta das demandas alheias, das expectativas que outros criam sobre nós e nós tentamos não falhar.
Numa época em que parecemos sempre estar atrás de provar nosso valor diante dos outros e recorremos a revistas, catálogos, livros de auto-ajuda pra descobrir como nos tornarmos as pessoas de sucesso que a sociedade nos cobra, descobrirmos que somos frágeis em alguns ou muitos aspectos, isso parece depôr contra nós.Tem quem pense que demonstração de fraqueza é falha de caráter.
De uns anos pra cá, no entanto, percebi que muito maior do que a cobrança interna para dar conta de tudo e responder apropriadamente às necessidades e carências dos outros era a frustração por não conseguir nunca satisfazer tudo isso. E aí veio a raiva.
Primeiro, ela era contida. Depois, ela começou a fazer estragos internos. Adoeci, deprimi. Mas agora, ela está exigindo que se coloque os pingos nos "is" e que eu admita que não sou infalível. Que sou humana e que preciso olhar pra mim mesma como eu sou, não como eu gostaria que fosse.
Assim, a raiva tem um potencial enorme de gerar mudanças em que consegue usar essa energia arrebatadora para refletir, chorar, ir lá no fundo de si pra descobrir o que pode ser diferente. E tem várias coisas que podem ser aprendidas no momento da crise.
Uma das coisas que aprendi é que quando estou assim, sinto necessidade de viver o sentimento. Deixar transbordar e depois mergulhar lá no fundo do mar de emoções para descobrir que lá estão os seres abissais, mas também os corais mais coloridos. E que neles também vivem seres maravilhosos.
Imagem retirada de: http://alfaconnection.net |
Então, seja qual for o nome, raiva ou depressão, sei que existiu um lado bom em tudo isso, o de me forçar a olhar para tudo o que estava mal resolvido dentro de mim. A crise se tornou oportunidade de transformar o caos interno em trabalho de escavação, buscando a luz interna que sinaliza que a felicidade existe dentro de mim. Uma desconstrução.
Não sei se ficou claro, se alguém vai se identificar ou criticar. Na verdade esse post é uma conversa comigo mesma. A raiva está passando e, ao partir, deixa a impressão de um dever cumprido. Coisa de doido, né?! Talvez eu seja como diz a música, mais um "pescador de ilusões".
13 pitaco(s):
Olá, querida
Nossa! Que desenho significativo o do espinho!
Fiquei observando um por um e me sentindo espetada... dá raiva mesmo... em qulquer um...
A raiva é um sentimento epinhoso... incontrolável(pela nossa própria força)... fogoso... TRAVA a gente até para se liberar dele...
Exlodimos ou implodimos (raiva incontida) e peço a Deus que nos lierte do que vc nos sugeriu com tanta razão: LADO NEGRO DA FORÇA... que se torna fraqueza...
Tenha ótimo dia e cheio de paz interior.
Abraços fraternos
Força, Ingrid querida. Tenho certeza que conseguirá. Se não conseguir ainda, não se culpe, dê tempo ao tempo!
Um beijo com muito carinho.
É mesmo muito difícil colocar em palavras alguns sentimentos, principalmente estes como a raiva.
Realmente é um lado muito negro, mas faz parte do crescimento do ser humano. Podemos aprender muito sentindo todos estes espinhos que às vezes passam em nossas vidas...
Espero que passe logo!
Seja o que for ;)
Um abração pra ti hoje, bem carinhoso!!
PS: Achei ótima a idéia de trocarmos dicas de livros uma vez por mês. Como faríamos?
Já está anotada sua dica, adorei o título. Vou procurar na Miragem. Obrigada!
Oi Ingrid... espero que passe... se não passar, que tal uns gritos a plenos pulmões ao ar livre? E, claro, longe dos pequenos...
To de olhão arregalado aqui.
Bjks
Má
Ingrid, bela exposição da alma! Acho muito corajoso quem faz isso, assume seus sentimentos, de fraqueza, isso nada tem, pelo contrário, demonstra caráter e sinceridade.
Vai passar e vc vai tirar coisas boas disso, tenho certeza. beijo grande
Oi Ingrid! Legal este teu post! A gente vive se construindo e desconstruindo, né? O importante de tudo isso é o aprendizado que fica...pena que tb ficam algumas rugas e cabelos brancos, mas esses fazem arte de todo o processo, né?
Beijos querida!
Vc colocou em palavras seus dilemas e ambiguidades. Não temos como atender a todos, mas podemos nos dar conta do que precisamos e fazer acontecer. Acho que neste mergulho foi o que fez: separou o que é seu e o que do outro.
bjs
Oi, Ingrid
Sentir raiva e colocá-la pra fora nos faz muito bem.
Você colocou o que estava sentindo e a partir daí nasce o crescimento.
Sentimos raiva todo dia, é natural do ser humano. A dificuldade de lidar com ela é que diferencia esse sentimento, podendo virar rancor, destruição própria. Isso é que não podemos guardar.
Bjs no coração!
Nilce
Oi Ingrid! Papo de doido não, acho que entendo muito bem o que você está passando, pois me vi percorrendo as mesmas ruelas há algum tempo atrás! Um beijo, Deia.
Ingrid
Só o fato de você colocar tudo isso já demonstra que você está conseguindo resolver.
O importante é colocar pra fora, não guardar para não virar ódio.Eu por exemplo, não sou de rodar a baiana, mas respiro fundo, conto até 10 se necessário e também tenho feito o que me é possível. Quando não dá, não deu e pronto.
beijos
Olá, Ingrid!
Amei seu texto, e parece que escreveu pra mim, pois, me identifiquei completamente. Tive uma crise recente de raiva que abalou um pouco minhas estruturas, inclusive minha saúde, e senti tudo isso que você descreveu. Estou tentando ainda encontrar uma saída, mas, não parece fácil. Acho que sermos autênticos, nos aceitarmos como somos, cheios de acertos e erros só nos valoriza, afinal, pra que adianta máscaras, um dia elas vão cair.
Que nos venha a santa paz!
Beijos
Socorro Melo
Ingrid,
É incrível como a gente cresce nos momentos difíceis! Essa cobrança gera, realmente, uma obrigação imposta ou que a gente se impõe. É bom ter limites conosco também, precisamos aprender a ter para o nosso próprio bem.
Gostei da sua participação.
Boa semana!
PArece que tu estudou psico, mulher!
Não vou me estender aqui hj porque tuas amigas ja escreveram tantas coisas bonitas! Adorei o que uma escreveu : to de olhão arregalado aqui! E tambem a que disse que estares escrevendo isso ja significava que estava resolvendo...
Separar o que é nosso dos dos outros, infindável missão! Beijocas, mulher elastico!
Angel
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