Fim de ano. Além da rematrícula na escola, tem a pechincha no material escolar encalhado na livraria/papelaria, Natal, os gastos de início de ano com impostos e... um zilhão de aniversários se aproximando. Entre eles, numa questão de 15 dias mais ou menos, os aniversários dos filhotes, do meu pai e da minha cunhada (fora as tias e amigas)... Assim: quem não é de sagitário, é capricorniano, entendem?
Essa é a primeira vez que decidimos fazer o aniversário da Larissa em buffet. Sempre nos dedicamos com muito carinho e as festas foram legais, mas dessa vez queríamos conversar mais, curtir a festa de um jeito diferente, pois combinamos com a filhota que esse será o último "festão"... - Nossas festas sempre foram animadas, cheias de brincadeiras, mas nunca pomposas.
Em compensação, o aniver do Caio é em janeiro, época difícil de reunir os coleguinhas, e ele está saindo da escolinha, vai acompanhar a mana no colégio no ano que vem e facilitar bastante a nossa vida. Por isso, nessa sexta-feira faremos a festinha dele em aula, como parte do exercício de despedida que estamos fazendo. Mas os gastos, por mais planejados que sejam, acabam pesando mais nessa época do ano.
Crianças motivadas pelas campanhas publicitárias, amigos com presentes "do momento", Papai Noel em shopping, começam cedo a falar em LISTA de presentes. Não existe mais aquela expectativa da surpresa, do que será que vou ganhar. Dependendo da criança, ela parece exigir determinados presentes.
Esses dias conversávamos sobre finanças e as dificuldades que por vezes enfrentamos, os pais que estão tirando filhos da escola etc. - Lalá, meu radarzinho ambulante, ouviu tudo com atenção. Algum tempo depois, conversávamos sobre a vinda do Papai Noel e como faremos o esquema em família, já que passaremos fora de Porto Alegre. Achei que ela tivesse esquecido.
Ontem, quando estávamos saindo para a escola, a Lalá veio toda serelepe falar de lista cheia de desejos que escreveria para o Bom Velhinho e eu, imediatamente, perguntei o que ela tinha ouvido de nossa conversa sobre dinheiro e ela soube descrever bem o que tinha se passado.
Então aproveitei a deixa: - Filha, quem sabe fazemos um único pedido bem especial pro Papai Noel? Tu vais ganhar vários presentes no aniversário e vais ver se tem ainda alguma coisa que te falte. A própria festa já é um presentão, que querias muito, né?!
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Ela concordou de pronto. Fiquei feliz com a reação; embora saiba que ela consegue ir bem longe em seus pensamentos e seja bastante capaz de ser compreensiva, senti um orgulho por ver que foi fácil. Como sempre procurei não fazer rodeios para dizer a verdade, acho que essa é uma boa estratégia.
Com o Caio, faço o mesmo que fazia com ela ainda pequena: - Hoje não dá pra comprar picolé, filho. Mamãe está sem dinheiro. - E ele até pode perguntar umas duas ou três vezes e mantenho a mesma postura. Porque pela insistência, ele poderia tentar me dissuadir.
É preciso, sim, dizer : - Filha/o, dinheiro não brota! Não é erva daninha! E também não dá em árvore!
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Iniciar a criança num relacionamento saudável com o dinheiro não é apenas dar mesada para comprar lanche na cantina da escola ou deixar que tecle a senha do cartão de débito quando fazemos compras. Vai além. A criança precisa aprender a avaliar se tem necessidade de consumir determinados produtos, se tem utilizado o que já ganhou ou comprou com a mesada, se quer trocar em um brechó ou doar, trocar com amigos por brinquedos em bom estado que os mesmos não estejam utilizando. - E sobre o tema a @samegui falou recentemente também.
Mas o discurso todo não tem força se o que eles mais fazem, que é nos observar, não tiver o exemplo de coerência. Porque frases como "é só ir ao caixa eletrônico" não existem à toa. Elas aprendem que existem moedas (e que nós damos menos valor a elas), cédulas, cheques, cartões e que muito são utilizados.
Imagem: http://investimento-inteligente.blogspot.com |
Na escola, a Lalá tem feito exercícios de uso do sistema monetário bem introdutórios, mas que falam de ir à feira comprar determinados vegetais e ter um certo valor para gastar. É um tremendo reforço! - Mas não é exclusivamente sua a responsabilidade da educação financeira.
Aliás, como professora, acho que a escola pode trabalhar várias questões, como a crítica ao que programas de televisão vendem como modos de enxergar a vida, ou de que forma a propaganda nos persuade, interpretação de materiais midiáticos. Mas que os pais são os responsáveis por dizer que sim ou que não vão dar um celular, uma mochila cara, um tênis de marca famosa, "dando a real" para seus filhos.
Um dos nossos esforços nesse sentido foi mandar fazer a carteira de passagens escolares da Lalá. E passaremos a andar mais de ônibus, sim, pra que ela aprenda sobre economia, ecologia, autonomia, o bairro, a cidade e também responsabilidade.
Que estratégias vocês usam para lidar com essa questão com seus filhos? Têm dicas?
4 pitaco(s):
A cada dia me apaixono mais por vocês todos! Teu post veio de encontro com o que penso e disse ainda hoje, dinheiro e sorte não são vírus, não se pega! Lindo exemplo gaucha! Bjo!
Eu acredito muito que a educação financeira tem que começar desde cedo, não só pela questão financeira em si, mas pelos valores que podemos passar com essa lição. Aqui desde sempre ensino isso a eles. É claro que, como crianças se empolgam, mas sabem direitinho os limites e que os presentes são legais, mas não são o mais importante. Eu confesso que se não tivesse passado por restrições como passei talvez não fôssemos tão conscientes... Mas tá valendo, serviu de lição, para mim e para eles. Com certeza serão consumidores melhores no futuro.
Post perfeito,Ingrid...
Alguns pais escondem dos filhos e se lascam comprando tudo que as crianças querem...aqui vamos fazendo acordos e ensinando o guardar...
Daniel comprou o DSi dele com parte do dinheiro que ganhou em aniversário e foi guardando... Su já é mais gastadeira,pois não pode ver uma revista da Avon ou Natura...fico na cola dela,rsrsrs...
Acho que a conversa e orientação ajudam e muito, eles são muito espertinhos,mais do que pensamos...
Bjs,ex-loira!!!!
Ingrid, ótima post e ótimas conversas, hein?! Gostei muito. Aliás, hoje estou reservando um tempinho para ler os posts que andaram passando e esse é o segundo seu que leio e isso vai me acrescentando, nutrindo, hehe. Acho sempre válido falarmos da educação financeira e de como isso se reflete na vida comportamental de toda a família.
Aqui em casa a pessoa mais consumista sou eu, sabe, porque adoro presentear as pessoas, fazer trabalhos artesanais e bolar surpresas, festas, coisas diferentes, então sempre estou gastando, mas preocupada e focando minhas atenções ao futuro do Caio, tenho sempre essa preocupação em orientá-lo a respeito das contas, da poupança e das dívidas. Ele é pequeno ainda, só vai completar 4 anos em janeiro (aliás, de que dia o seu Caio é?) mas tenho reforçado a importância de escolher bem entre o que deseja e o que precisa, para aí sim comprarmos. Explico que vamos comprar tênis novos quando o outro está velho ou não cabe mais, que vamos comprar roupas novas quando as outras estão ficando pequenas e os presentes (brinquedos) chegam quando ele merece, quando a ocasião é muito especial. Ele entende bem e nunca insiste, mas ainda assim é alvo das propagandas e acaba sendo interessante pra gente comparar (acho que eu devia até fazer post disso) a quantidade de brinquedos que ele pede quando a TV está ligada e quando brinca ou passa o dia sem TV. Muito interessante.
Enfim...
Sobre o Papai Noel, ele assimilou que o presente é um só, mas que precisa ser merecedor. O legal é que ele também compreendeu que nesse tempo de ganhar e festejar também é tempo de doar e passar adiante, então está animado com os brinquedos que vão embora.
Um beijo. Ti
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