Todo dia é de ser voluntário. Todo santo dia há causas nobres nos chamando para provocar mudanças no que é banal, no que passamos "batido", no que nem costumamos prestar atenção.
Uma vez ouvi falar de uma tese defendida por estudante da USP, sobre a invisibilidade das pessoas que fazem os trabalhos mais humildes em nossa sociedade. Ele fez parte do grupo de limpadores de sua universidade e sentiu de perto o que significava ser ignorado e até rechaçado por trabalhar com aquilo que ninguém quer, com aquilo que, literalmente, desprezamos: o lixo.
Foto: www.velhosamigos.com.br |
Muitas pessoas são tratadas como escória em nossa sociedade, desde os mais tenros anos. Imaginem o que significa ser filha de um presidiário e de mãe desconhecida, ou que faleceu por ser usuária de drogas; ou ser fruto de um relacionamento fortuito e nem pai nem mãe quererem ter o rebento ao seu lado. Crianças que cresceram esperando por uma família que as adotasse. Ou, simplesmente, a miséria familiar era tanta, que assistentes sociais recolheram a criança, para seu próprio bem...
[Então que "fazer o bem sem olhar a quem" não me é possível; tem de ter olho no olho, tem de haver cumplicidade. Mesmo em voluntariado com crianças com paralisia cerebral busquei que houvesse empatia, enquanto eu, novinha, ouvia algumas pessoas dizerem que elas não estavam entendendo nada - e quem não compreende um gesto afetuoso?!]
[Então que "fazer o bem sem olhar a quem" não me é possível; tem de ter olho no olho, tem de haver cumplicidade. Mesmo em voluntariado com crianças com paralisia cerebral busquei que houvesse empatia, enquanto eu, novinha, ouvia algumas pessoas dizerem que elas não estavam entendendo nada - e quem não compreende um gesto afetuoso?!]
Me deparei com essa realidade bastante diferente da que vivi, quando morava em São Paulo e procurava um trabalho voluntário para me inserir; o voluntariado sempre fez parte da minha vida através das iniciativas da minha mãe e, estando longe de casa, queria fazer da nova morada um local onde esse valor, o da solidariedade, continuasse presente. Parti para a busca em sites de voluntariado, que pareciam estar começando a se organizar. Encontrei uma instituição que me pareceu bastante séria, chamada Maria Helen Drexel - o que comprovei assim que preenchi uma ficha e conversei com a assistente social que fazia uma seleção de voluntários e os designava para lares onde residem crianças nas mais variadas situações.
Era o ano de 2001 e comecei conhecendo um grupo de meninos e meninas de 0 a 12 anos, todas elas sendo criadas em um lar na Chácara Santo Antônio, por um casal que, além de abnegado, tinha valores morais bastante definidos e que conseguia colocar em prática tudo aquilo que se pensa sobre amor desinteressado: mantinha um grupo de pessoínhas de diversas origens unido, se auxiliando, se amparando em todos os momentos.
Foto: www.tribune.com.pk |
Comecei dando reforço escolar para os meninos mais velhos e, na medida em que fui me envolvendo com eles, mais ficava evidente o quanto minhas idas com hora marcada se tornaram um evento muito especial para todo mundo na casa. Ia para auxiliar em diversas disciplinas, não apenas ciências biológicas, mas acabava tendo o momento do colo para todas as idades, o chamego, o "eu te amo" tão espontâneo que sentia que o desejo de fazer diferença a alguém era meu, mas que quem estava provocando mudanças em mim eram eles.
Com autorização da instituição, @paulodedalus e eu levamos os meninos mais velhos ao cinema e para conhecer a nossa casa. Comemoramos o aniversário do maridex lá, com as crianças, fazendo uma festa-surpresa tendo um bolo gostoso, suco, cachorro quente e violão para animar ainda mais! Imaginam a folia?
Não me sinto autorizada a publicar as fotografias das crianças, mas posso garantir que, se alguém conheceu de perto o brilho no olhar de uma criança realmente feliz, pode estender suas mãos e disponibilizar uma hora de sua semana ao voluntariado, que é garantido que verá esse brilho novamente, muitas vezes. E poderá dizer, também, que semeou esperança e futuro. Porque eu acredito no que faço, quando estou trabalhando com educação. Mas quando o trabalho é voluntário, posso dizer sem dúvidas que #servoluntariovaleapena.
Torço para que hoje e sempre aquela gurizada que conheci na Associação Helen Drexel possa dizer: "Minha vida não saiu como planejei, mas ainda é a minha vida", como diz o sábio Fabrício Carpinejar, e faça dela algo melhor do que aqueles que cruzaram os braços previam.
Torço para que hoje e sempre aquela gurizada que conheci na Associação Helen Drexel possa dizer: "Minha vida não saiu como planejei, mas ainda é a minha vida", como diz o sábio Fabrício Carpinejar, e faça dela algo melhor do que aqueles que cruzaram os braços previam.
O dia de hoje foi de comemoração pelo trabalho voluntário, em âmbito internacional.
Se você não conhece locais sérios ou gostaria de ver onde estão precisando muito de pessoas com disposição de ajudar, dou aqui algumas outras dicas, já que aqui no blog sempre falo sobre o tema:
www.redebrasilvoluntario.org.br
www.voluntariosonline.org.br
www.planetavoluntarios.com.br
www.projetopescar.org.br
E há ainda muitas outras formas de colaborar... Use a imaginação e invente uma!
E há ainda muitas outras formas de colaborar... Use a imaginação e invente uma!
1 pitaco(s):
Eu lembro dessa tese do aluno da USP,coisa de doido...
É maravilhoso ver esse brilho no olhar do qual vc fala e além do brilho o olhar de gratidão, que nem sempre vemos nos nossos filhos ou amiguinhos deles qdo ganham um presente caro e sem sentido...
PArabéns para vc,linda!!!!!Bjs!!!
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