A mãe real, sem realeza - parte 2

Não, eu não vim agora desdizer tudo o que disse antes. Não sou a metamorfose ambulante. Eu vinha de muitos dias de stress, isso sim. Pelo menos 2 semanas de noites mal dormidas, de cansaço acumulado. E, como de costume, fica tudo mais angustiante e dramático nessas situações. Minha médica talvez diga que o pior veneno pra mim é a privação de sono, que deixa a pessoa aqui bem louca, em dia de fúria acionada. Tem dias em que acho que ter mãe bipolar é uma vantagem para as crianças (nem que seja pela flexibilidade que precisam ter, ou pelo fato de que tendo a colocar pra fora o que sinto sem rodeios e isso pode ser um bom exemplo - será?!). Noutro, penso que deixo marcas profundas - positivas e nem tanto - e que eles são o que são apesar de mim.

Eu poderia fazer muitos posts sobre a maternidade real, a que consigo viver e aproveitar com meus filhos. Mas resolvi pensar comigo mesma sobre coisas que faço bem, porque afinal de contas viver só me detonando... qual a finalidade? Vendo os filhos que tenho, posso ver que temos um saldo bem positivo:

  • Meus filhos são apresentados a alimentos diversos e saudáveis. Mas, como a Larissa já tem 7 anos e conheceu algumas tranqueiras e de poucas delas gostou, o Caio acabou conhecendo bem antes do que eu gostaria. Ambos adoram pastelina, que eu tive vontade durante toda a gestação deles e quando encontram isso na casa dos avós... bem, o Caio nem janta. Mas não gostam de refrigerantes, adoram frutas e sucos, bebem muita água e preferem comida caseira. Se forem ao Habbib's ou ao Mac Donald's (1 vez por quadrimestre?) é pra brincar e pedem água de côco ou suco e as batatinhas, que não conseguem comer um pacotinho juntos. 
 
  • Eles confiam nos pais e a Larissa especialmente consegue abrir o coração sobre o que a incomoda ou magoa com naturalidade, escolhendo geralmente momentos em que estamos nós duas indo pra escola ou sozinhas para me abrir o coração e perguntar como acha que pode resolver algum perrengue. Mesmo quando sabe que pode resultar num "prestenção", ela conta.

  •  Nós brincamos juntos. Isso aprendi com a minha mãe, não na faculdade nem nos livros. E isso foi um diferencial na minha vida que espero que seja nas deles também!  

  • Quando morávamos longe, víamos por poucos dias nossos pais, irmãos, primos e, ainda assim, conseguimos que se estabelecesse um forte vínculo entre nossa filha e eles. E isso foi fundamental em momentos difíceis e para que aproveitássemos os bons momentos também.

  • Desde a saída da maternidade os dois foram para seus quartos e lá permanecem, mas tivemos fases de dormirem conosco, ou nós irmos pros seus quartos porque todos nós queríamos ou precisávamos, a despeito da opinião dos "especialistas" já que especialistas em filhos costumam ser os pais! Se isso fosse pra fazer passar um medo, por que não ficaria na bicama e dormiria de mãos dadas com a Lalá?

  • Deixei a profissão sem muita culpa, mas quando comecei a sentir falta de trabalhar também não tive dramas. O problema era outro, de não querer, nesse momento, voltar a trabalhar exatamente no que fazia antes, então a busca por saber como fazer diferente ou repensar toda a escolha profissional mexeu com outras histórias e a terapia está ajudando MUITO!

  • Hoje trabalho conciliando a convivência com as crianças. E tenho conseguido trabalhar com o maridão em algumas coisas, como queria também. Não abandonei o que aprendi na faculdade, estou tendo a chance de experimentar coisas diferentes e contribuir para um novo momento nosso, familiar e empresarial. E, estando realizada com isso, em outras áreas terei também energias positivas para motivar as outras áreas da minha vida. Isso só poderá ter reflexos bacanas para os 2 filhotes!

  • Me analiso muito, talvez até demais. Pelo menos, se erro, consigo perceber... 




Haveria muito mais a listar, mas o objetivo não é o auto-elogio, só o colocar a cabeça no lugar... Mas uma coisa é certa: devo me perdoar por não ser a mãe que dizem por aí afora que devemos ser. Faço o possível para ser a melhor mãe que posso ser. Falha, cheia de turbilhões de emoções, contraditória, mas amorosa e apaixonada pela maternidade e pelos meus filhos. Falando nisso, uma entrevista na Revista Crescer aborda o tema e achei que seria bacana compartilhar.  Basta clicar aqui.

10 pitaco(s):

Coisas da Gigi disse...

Olá, eu vim através do grupo blogueira unidas e comecei a ler esse teu texto. Me identifiquei e muito, quando estava grávida da Gi eu queria tanto ser a mãe que todos falam por aí também. O meu blog quando comecei foi pra tentar ser uma mãe melhor, e vi que ser uma mãe melhor é ser dentro de seus limites e do da criança. Vi que não existe uma receita certa, cada filho é diferente e cada situação é diferente e ainda mais somos todas diferentes.
Seu texto foi lindo.

Anônimo disse...

Nossa, também me identifiquei muito com o teu texto... A gente está sempre tentando acertar com os filhos e se culpa muito também. Seu relato serviu como alerta, acho que estou "brincando" pouco com meus filhos, as tarefas do dia vão precendo e a gente acaba deixando para depois, só que o tempo passa e as crianças vão crescendo... Mas eles vão lembrar no futuro é do tempo bom que passaram com os pais e a família e não de brinquedos caros... Parabéns pela mãe maravilhosa que você deve ser, vou seguir seu exemplo, um abraço fabi

Adriana Spacca Olivares Rodopoulos disse...

É isso aí, Ingrid!

Essa é a verdadeira humildade. Aceitar tudo o que gente pode ser num determinado momento!

Quando dá, dá; quando não dá, paciência!

Acho que agrande sacada é diferenciar o nosso melhor real daquilo que consideramos o melhor!


Beijos

Dani Brito disse...

Acho que me identifiquei muito com vc!
Nos cobramos demais, isso é um fato. E isso, como vc mesma disse, é bom e ruim. Pelo menos temos consciência do erro, voltamos 10 casas e podemos recomeçar do ponto que partimos.
Isso é bom. Isso é humano.

(vc é bipolar? se sim, somos duas)

Beijo

Anônimo disse...

Oi Ingrid!!!
Que texto mais sincero, menina, eu adorei!!!!
Demorei para chegar até aqui, mas cá estou e bem contente com o que eu li! Você é uma ótima mãe, tem uma filha amiga, que confia em vc, e um filho que é uma graça só! Faz o seu melhor, porque afinal todas nós temos nossas falhas!

Eu acho linda essa foto que vc escolheu para o post! É perfeita!!!!

Mil beijos, querida!
Que bom que vc está se sentindo melhor!

Ju

Viviane Pereira disse...

Ingrid vc sabe que eu super me identifico com vc sempre né?
Difícil para uma mãe acetiar que ela precisa só ser boa para sua cria e não a melhor mãe do mundo. Mas a gente, aos pouquinhos, vai conseguindo se desprender deste estigma criados por nós mesmas!

bjs

Renatha disse...

Ingrid... Seus filhos certamente serão grandes cidadãos!

E, sendo a melhor mãe que pode ser, certamente vc ensina muito a eles!

Beijos...

Ana disse...

Eu não tenho duvidas que vc é uma otima mãe..o reflexo esta ai,nos teus filhos..Eles com certeza levarão essa marca pelo resto da vida.Vc não é perfeita,é humana,real..e isso é lindo,isso é ser verdadeiro,isso é ser mãe!!!
Beijos,Ingrid..tenha um otimo domingo!!!

Lu Saharov disse...

Meu Deus! Pobres de nós, mães todas em desconstrução...Lendo seu excelente texto, eu me vi a 40 anos atrás...Tudo igual, igualzinho, um vídeo tape de minha vida nos anos 70 com quatro filhos me deixando louca. Agora, aos 60, devo lhe dizer que sou uma avó em desconstrução, e, creia-me...não aei o que é mais difícil!
Beijos e muita força nessas horas!!!!
PS.Estou recém mudada para a cidade de Rio Grande,RS. onde meu filho é professor de zooplancton na FURG. Esse, que me desconstruiu e me reconstruiu com seu amor!

Bia disse...

Amei ler isso... exatamente o meu momento =)

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