Férias de verdade







Pela primeira vez em 12 anos tiramos férias de verdade, daquelas de largar de mão a rotina meeeesmo e nos especializarmos em não fazer nada muito planejado, estarmos com o coração aberto às novidades e relaxarmos sem culpa. Por que será que fazer isso andava sendo tão difícil?

Essa vida adulta tem lá seus muitos prazeres, mas parece que eles estão sempre carregados de uma neura, ou culpa por estar se divertindo, por sair do ciclo vicioso de só pensar nas obrigações.

Em tantos anos, acho que a busca pelo lugar ao "sol" foi a nossa desculpa, nossa âncora. Mas, agora, conseguimos que olhar o mar, ficar "de molho" e que até tirar bem menos fotos que o normal fosse tudo muito gostoso, alimentando as 4 almas e gerando uma aura de paz, harmonia, afinidade.

Conseguimos que a rabugice da Lalá fosse revertida enquanto ela alimentava tartarugas no projeto TAMAR de Barra da Lagoa, mostramos um pouquinho da paixão por ser biólogo que habita em nós. O Caio estranhou, mas curtiu muito aqueles animais que são tão antigos, que podemos chamá-los de verdadeiros dinossauros contemporâneos.

Experimentamos uma curtição a 4 que nos fez afastar alguns problemas que pareciam insolúveis da mente... Não dizem que sair do olho do furacão é o que permite que a gente consiga derrotá-lo, ou pelo menos lidar com ele?

Acho que conseguimos tirar a nossa pequena do pensamento dominante nas crianças de hoje, que parecem adolescentes ao se preocuparem tanto com ter, aparentar e ser popular. Estar descalça, brincando com as conchinhas na beira da praia fez uma tremenda diferença, visível no ato.

No dia a dia, embora tentemos muito que o compartilhar seja natural, que a tolerância (ou abrangência, como li numa revista que seria mais adequado), a inclusão e a compaixão sejam valores presentes, é difícil quando ao mesmo tempo precisamos ensinar que não se dá conversa para desconhecidos, que pra nos deixarem ter um mínimo de silêncio para lermos podem vidrar-se no computador e seus games, justificamos nossas ausências com a necessidade de termos mais coisas, pagarmos as contas e ganharmos mais dinheiro, estimulando o individualismo...

Porém, para conseguirmos quebrar a regra, não foi preciso grandes gestos, apenas buscar a simplicidade; sabíamos o que queríamos (desligar de quase tudo), tínhamos uma certa organização (pesquisamos a pousada, o local, o que precisávamos trazer), viemos de coração aberto (disponibilidade) e tínhamos certeza de que esse era um tempo para nós.

Sem nos darmos conta, passamos a desconstruir hábitos, seqüências de ações e a aproveitarmos a espontaneidade e refazermos nossos "rituais" diários com mais leveza.
Por isso, essa semana já valeu pra recarregarmos as baterias e retornarmos a POA cheios de pique!

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