Tudo bem, eu sou chata. É a minha natureza. Questiono demais as coisas, rumino pensamentos, reflito, fico dias em cima do mesmo tema até chegar a uma conclusão. Não espero que isso deixe de ficar evidente, já me aceitei como sou. E tem uma coisa que faz muito tempo que não me sai da cabeça: quem conversa com as mães de crianças maiores de 4 anos? Quem as ouve? Quem se interessa?
Quando penso sobre publicações direcionadas à maternidade, temos aqueles chavões sobre como ser a mãe perfeita, como deixar as crianças se desenvolverem desde o primeiro dia de vida com independência, como estimular a inteligência do bebê, como continuar bela e sexy durante e pós-gestação com exemplos de mulheres famosas que se esgoelam em exercícios e dietas malucas que não fazem minha cabeça... Isso me dá uma preguiiiiça!!!
Mas esse não é apenas mais um post pra dizer "eu sou mais eu". É para dizer que gosto de ouvir e ser ouvida. E não me reconheço nas publicações femininas que tenho encontrado. "Você levou um fora: parabéns"(ou algo do gênero), "guia do orgasmo", "o que ele quer dizer na verdade quando fala..." também não é exatamente o que eu procuro quando leio um livro ou uma revista. Guias de como segurar um homem atualmente, no fim das contas, não me fazem pensar em algo muito diferente do que lia nas revistas como Seleções das décadas de 1950 e 1960, que encontrava guardadas na casa da minha avó paterna. Será que alguém aqui entende o que digo?
Por isso, já faz tempo que comecei a mirabolar algumas ideias sobre como gostaria de encontrar em textos ou post para uma mulher adulta, que tem muitos interesses, entre eles ter um tempo em que não seja vista "apenas" como a mãe da Larissa e do Caio - o que define muito sobre mim, com certeza -, mas que me fosse ao encontro dos muitos outros interesses que tenho na vida, como cultura, carreira, estudos (meus e das crianças, lógico), relacionamentos, cuidados com a saúde - sem que isso significasse a ditadura de "ficar sequinha".
Esses são interesses que toda mulher tem, especialmente aquela que já se deu conta de que seus filhos conquistaram, com seu apoio, uma independência bacana e condizente com sua idade, portanto se sentindo à vontade para expandir seus horizontes voltando ao mercado de trabalho ou mudando de profissão, voltando a fazer atividades que havia parado como opção por um espaço para viver a maternidade, seja trabalhando, seja em tempo integral. Enrolada na rotina e tentando continuar ativa como amiga, mãe, namorada, mulher! Tendo dúvidas e experiências que não aparecem, porque as crianças das capas de revista são as fofinhas, pequenas. - E quem disse que aos 8 anos minha filha é menos fofa ou interessante? Que não tem questões que valham a pena discutir?
Quero ser tratada como uma mulher a caminho do amadurecimento. E resolvi começar por mim mesma! Em breve o blog Desconstruindo a Mãe será uma coluna do site Mãezona, que está em construção. Mãezonas são aquelas que vivem a alegria, a bagunça, a falta de horário, a flexibilidade, tudo o que surge com a maternidade, mas que não precisa apagar nossa individualidade. Aguardem!
Imagem: http://www.mindbodygreen.com/ |