Texto de Rosely Sayão: Com que roupa?

Separei esse texto da excelente psicóloga Rosely Sayão para compartilhar.  

Na escola da Lalá o uniforme cada vez fica mais "fashion", mas continua de uso obrigatório até o fim do ensino médio. Eu adoro ( a gurizada também!)! E vocês?

Há variedade de modelos, pra ajudar os alunos a aderirem ao unfirme
COM QUE ROUPA?


As chamadas boas maneiras foram abrandadas, depois criticadas e, por último, esquecidas


Uma escola promoveu reunião para os pais de alunos que terminam o ensino fundamental este ano e iniciam, no próximo, o ensino médio.


Um dos temas abordados e que gerou grande interesse na discussão foi a não obrigatoriedade do uso do uniforme para esse ciclo.


O argumento da escola para liberar a presença dos alunos nas aulas sem o uniforme foi o de que, nessa idade, os jovens preferem usar roupas informais.


Já alguns pais pediam seu uso por uma questão de economia apenas.


Esse tema me lembrou dois fatos. O primeiro foi a conversa que tive, pouco tempo atrás, com uma executiva de empresa multinacional que lidera uma jovem equipe. Ela contou, na época, que enfrentava uma situação bastante constrangedora para ela: ter de falar com seus funcionários a respeito das roupas que eles não deveriam usar no ambiente de trabalho, por serem inadequadas. Aliás, vários diretores de escola e coordenadores já tiveram de fazer o mesmo com alguns professores.


O outro fato foi a observação que fiz em horários de entrada ou saída de escolas de ensino médio.


As roupas que alguns alunos usam são próprias para a praia, para o período de férias ou mesmo para uma reunião entre amigos. Vemos até garotas vestidas com roupas provocantes, extremamente curtas e decotadas.


Que tipo de roupa usar em determinadas situações? Como se comportar em diferentes locais da comunidade?


Qual o tom de voz apropriado para uma breve troca de ideias com o colega na sala de um cinema etc.?

Os manuais de boas maneiras ou de etiqueta já não fazem o mesmo sucesso experimentado décadas atrás, e perguntas como essas já não têm respostas únicas.

E agora?


Com mudanças velozes nos costumes, no comportamentos e nas regras, e a introdução na vida cotidiana de novos hábitos como o uso do telefone celular, por exemplo, são tamanhas transformações na convivência social que as chamadas boas maneiras foram inicialmente abrandadas, depois duramente criticadas para, em seguida, serem esquecidas.


Agora, entretanto, têm sido evocadas em diversos ambientes e por várias instituições. Famílias e escolas, por exemplo, têm se debruçado sobre essa questão.


É compreensível: num momento em que vivemos uma crise de civilidade, a cortesia, a gentileza, o respeito e a polidez no trato com o outro parecem ser bons remédios para acalmar a generalizada grosseria e a agressividade reinante nos relacionamentos interpessoais.


Precisamos reconhecer que já não é mais possível apontar maneiras únicas de se portar na relação com os outros, nos mais diversos locais e situações.


Ao mesmo tempo, precisamos também considerar que a vida pública e os relacionamentos sociais precisam ser mediados por algumas normas e essas sempre estão referenciadas a alguns princípios e valores.


Pensar no uso ou não do uniforme na escola considerando apenas a preferência juvenil ou os gastos familiares é ignorar que os mais novos precisam conhecer os valores e princípios que escolhemos para construir o presente deles e, logo, o nosso futuro.


Mas será que a maneira como nós temos conduzido esse processo irá permitir que eles façam escolhas bem informadas? Pelo depoimento da executiva citada antes e pelo ainda recente "caso Geisy Arruda", parece que não.

*Rosely Sayão é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)

Folha de S. Paulo, Equilíbrio, 2/11/2010
Link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0211201010.htm
   



Mesmo de uniforme, a filha dá um jeito de fazer sua moda...

4 pitaco(s):

Mari Hart disse...

No colégio da minha filha, colégio federal tradicional, a cor de uma meia é motivo de voltar pra casa depois de advertência. lá dentro todos são iguais, apesar de um morador da favela estudar na mesma sala ao lado do morador do condomínio de frente p/praia. Lá dentro todos são iguais. E eu adoro isso, prefiro assim!

Mi Satake disse...

Oi Ingrid,

Com certeza esse assunto é super importante. E falar sobre ele, esbarra essencialmente no que falou no final do seu texto, da maneira cmo todos estamos conduzindo esse processo.
O uniforme escolar vai alem, sim de economia ou comodidade, e o uso dele é fundamental pra manter o respeito e a igualdade dentro do ambiente escolar.
Cabe a nós pais fazer a nossa parte nesse processo, sim, mostrando aos filhos, desde pequenos o proposito de estudar uniformizado.

Beijão pra vc!

Adriana Alencar disse...

Oi Ingrid!
Obrigada pela visita e pelo elogio!
Gostei muito do texto, realmente é algo a se pensar, a maneira de vestir dos jovens atualmente reflete os valores sociais em voga, o culto ao dinheiro e a exploração precoce da sexualidade. Nessa idade, onde a personalidade ainda está em formação, deveria haver um ponto de partida igual para todos, sem patamares pré-estabelecidos, e o uniforme contribuiria muito para isso. Não precisa ser a saia de pregas que usamos na nossa infância, mas um abrigo legal, uma calça jeans com um moleton colorido ou até um avental já melhorariam muito a situação.
Bj
Adri

Unknown disse...

Oi Ingrid, adorei seu blog, seu perfil, já estah no favoritos. Adorei o texto, Dra. Rosely é muito boa, por isso penso demais em morar fora, por meu filhinho numa escola onde se use calça social e gravata, como parte de um comportamento social, embasa'do é claro, em valores humanos. A respeito do caso geysy sempre ficava pensando como a opiniao publica de modo geral defende a "liberdade", a permissividade, no Brasil a cultura é de cada um fazer o que quer e não ter senso de coletividade. Quem faz isso é "fresco, careta" e até chato. O livro 1808 é incrível para entendermos de onde veio isso, e como nossos esforços de mães conscientes e cidadãs, mudar isso.

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