O lugar dos pais nas fábulas

Olha, tem dias em que nem terapia dá conta... Estou tentando colocar em dia o sono, mas acho que isso não é suficiente pra desfazer um desgaste que está acumulado faz mais de mês, por conta da fase edipiana da minha filha. Pois é, matar a mãe é a palavra de ordem.

Matar no cansaço que provocações, discussões, chiliques e birras estão causando a esta senhora que completará 3.5 no dia 26.

Terapia em ação, eu pergunto pra mim mesma: afinal de contas, tem dias em que nem os contos de fada me ajudam? Pô, quem são os pais nas fábulas? Meros bundas-moles... querem ver?

O pai de João e Maria não defende seus filhos e os abandona na floresta, cedendo aos caprichos da madrasta - cadê a mãe dessas crianças pra processar o cara? Será que na época que escreveram isso se matavam as mães?

O pai da Cinderela morreu, mas deixou de herança uma madrasta que coloca a criatura de empregada doméstica sem salário; o da Bela troca a filha por sua liberdade, entregando-a para uma Fera; o da Branca de Neve parece ser o mesmo da Cindy, exceto por tê-la deixado com mais espaço pra limpar, um palácio.

A mãe da Bela Adormecida manda a filha pra ser cuidada por fadinhas, com a desculpa de que não pode chegar perto duma roca, ou da bruxa Malévola, muito mais glamour que a própria rainha - que fantasia legal eu tinha de me vestir como a Malévola da Disney!!!

Cuidado com o que sonha, mulher... porque nessa fase eu ando sendo vista como a própria encarnação da bruxa, a mãe-drasta mesmo. Colocar limites virou sinônimo de ser chamada de diabinha pra baixo. Dessa vez nem o dicionário me socorre e acabei fazendo merda, me desentendendo com a família, surtei geral, fiz barraco e estou com dores reais, físicas, por isso.

Daí entra a sabedoria da terapeuta, me dando uma lição de casa: vou ter de ler Fadas no Divã, um livro que fala de psicologia e contos de fada... - contos de fada pra quem?! Quem se destaca são as princesas sofridas, os príncipes encantados que salvam as pobres meninas, que se tornam mulheres nas suas mãos... casando e sendo felizes para sempre! - Ei, só se é feliz casando (diga-se: a mulher)?

No caso dessa fase edipiana da Larissa, me parece, matar a mãe significa tirá-la da santidade, do altar de perfeição que habitava (desde quando?), sendo contestada. Tudo bem, nem li o livro e já estou dando aulas pra Freud, Lacan, Jung e Steiner. Só que a questão não é a teroria, é a prática. Tem dias em que ser a Fada Azul, que não se altera com as mentiras do Pinóquio, tá complicadíssimo!

E o príncipe que a filha elege, é claro, é o PAPAI. Faz caras e voz sedutoras, conquista tudo com um muxoxo. Porém, quando ele resolve ficar ao lado da megera aqui, também começa a ouvir impropérios e... entristece, o mundo cai. - Cadê a filhinha do papai? Está praticamente uma MACUNAÍMA!!!

Assim, DR pra lá e pra cá, ficou acertado que o marido vai ser menos príncipe e eu menos bruxa. Até terminar de ler o livro, que consegui que uma amiga empreste, vamos torcer pra que a fórmula funcione.

8 pitaco(s):

Unknown disse...

Oi! Nem sei como vim parar aqui, mas adorei o blog e, principalmente o post de hoje. Aqui em casa aconteceu outro dia que, depois de colocar limite na Clara ela virou as costas e disse baixinho: "Tá bom, coronel!". Menina! Vê se pode! E quando fico brava eles dizem que eu viro bruxa. rsrsrs...
Força aí, menina!
Beijos
Ana Cristina
eucomosquatro.blogspot.com

Patrícia Viale disse...

Ingrid, não me assusta!!! Maria Rita está numa fase estranha. Surgiu uma agressividade, uma revolta. Às vezes acho que ela está revoltada porque minha mãe não pode pegar ela no colo. na p´roxima semana irei ao pediatra pedir orientação!!! ai! quantas fases ainda virão!!!

Ju disse...

rsrsrs.To rindo mas fiquei com medo, será que Lulu me virará as costas ??Euzinha que carrrego ela prala e pra ca o dia todo?Sua amiga companheirinha??Pra ficar com o papai que ela so ve umas duas horas por dia ?!!! Socorrrrooooo

Ana disse...

kkkkkkkkkk....sabe que dia desses eu tava pensando nisso??? e ainda tem a mãe de chapeuzinho vermelho...que mesmo sabendo que tem "um lobo mal ali por perto" manda a menina ir pela estrada afora "bem sozinha"..
eu einh!!!!!!!
kkkkkkkkkkk...
bem, não tenho filha, entao não posso opniar melhor pelo que vens passando..mas imagino..meu filho entrou nessa fase agora...só quer saber de mim, e anda por ai falando que vai casar comigo..rsrsrs..ve se pode??apesar de achar liiiindo de morrer, eu me policio para não deixa rele ainda mais babao por mim..rsrs..
mas acho que é td fase..logo logo eles acham algo melhor..e ai vem outraaaa fase... a que nos.pais e mães somos bruxos..e de uma geração beeeem longe do "castelo" deles..
ai,ai..será que eu aguento tantas fases??
rsrsrssrs...
bjs,otima sexta!!;-)

Carol Garcia disse...

adorei o post de hoje!
isaac, malemá começou a andar e já tá naquelas: tomou bronca da mãe chama o papai. papai fica bravo, chama a mamãe....
deus do céu! haja sanidade pra lidar com tanta personalidade!!!
bjocas
carol
http://viajandonamaternidade.blogspot.com

KidsIndoors disse...

Oi Ingrid, Vou te dizer uma coisa. É bom vc cortar bem a Lala, agora. Vi num progrma do CAFÉ FILOSÓFICO da Cultura q a mãe precisa cortar a filha, mostrando realmente q o PAI É DA MÃE! Um dos efeitos q pode acontecer se isto não é feito é da menina, quando crescer, procurar o pai nos namorados e maridos e como não encontra (pq pai faz tudo por ela e os outros homens não) estará sempre frustrada e descartando homens. E olha q tenho uma deste tipo na família e bate totalmente com a explicação do psicólogo! Agora uma experiência minha (e falei sobre ela ontem 2 vezes com amigos diferentes - viu como estamos conectadas!!!):
Quando a Cecilia tinha 2 anos eu começei a tirar a fralda dela. Todas as noites eu acordava as 2, 3 ou 4 da manhã pra levá-la ao banheiro. E começaram as ofensas de madrugada! "EU NÃO QUERO VC!" " EU NÃO GOSTO DE VC!" "SAI" "QUERO MEU PAI" "SAI DAQUI" E eu firme lá, conversando, tentando explicar pra ela, de madrugada, q não era assim q se tratava uma mãe, q a mãe ama ela e todo esse blá, blá, blá as 4 da manhã... Falei uma semana, duas semanas, mas dá no 15° dia, as 4:30 da madrugada eu gritei "EU TB NÃO TE QUERO! TÔ CANSADA DE FAZER AS COISAS PRA TI..." nisso meu marido pula da cama e meu outro filho acorda, não dei bola "... EU TE AMO, MAS CANSEI!CANSEI! AMANHÃ VC VAI ME PEDIR AS COISAS E EU VOU DIZER NÃO, NÃO, NÃO!! NÃO VOU MAIS LEVANTAR PRA TE AJUDAR E NEM TROCAR TUA ROUPA SE VC FIZER XIXI NA ROUPA!!! CANSEI DE VC!!! e fui chorar na cama, enquanto meu marido terminava de ajudar a minha filha q estava com os olhos enormes!!!
Chorei até dormir e dormi muuuito mal. No outro dia, ela veio cedo, como se nada tivesse acontecido. "MÃE, QUERO MAMÁ" Só virei pro outro lado e disse "Pede pro teu pai.". Meu marido acordou e foi fazer (sorte dela q era fim de semana). E assim foi todo fim de semana, ela se chegava em mim, eu levantava (morrendo por dentro, mas fazia)e saía. Ela me pedia uma coisa, eu dizia fala com teu pai. Dois dias chorei um montão , não na frente dela, é claro. E daí ela conversou com meu marido e ele disse q eu estava magoada e q eu a amava muito, mas ela tinha sido mutio mal educada, q ela tinha sido de dentro de mim e outras coisas do tipo. Ela veio me abraçou e pediu desculpas, q não ia fazer mais. Durante meses toda vez q eu a levava no banheiro de noite, ela passava a mão no meu rosto e me abraçava bem apertado! Hj somos muito grudadas! A criança sabe q vc a ama muito e por isto xinga, pq sabe q vc não vai reagir de uma forma não-carinhosa. Eu fiz aquilo, quase morrendo por dentro, mas ela tem q me respeitar, ninguem vai amá-la mais do que eu! Se com 2 anos ela já me xingava, imagina na adolescência, quando daí a mãe é muito mal vista(freud entra) e a mãe é culpada de tudo??? Eu cortei o mal pela raiz. Não sei se fiz certo, mas ela é muito mais carinhosa agora, q antes. Por enquanto estamos bem!
Desculpe escrever tanto, não consegui resumir. bjos, gi

Chris Ferreira disse...

OI Ingrid,
adorei o post. E gostei mais da decisão do amrido ser menos príncipe.
O livro é bom? Vale a pena?
beijos
Chris

Ciranda Cirandar disse...

Rsrs...muito bom post!
Oi Ingrid!

Ainda bem que espaços como esse nos mostra que as "mãe-drastas" (classificadas assim por nossos filhotes ainda tão pequeninos) não somos únicas, bem como os "pai-principes"...logo, não é pessoal...ufa, que alívio, né?!!!

Como sempre, nossos filhotes ficam nos testando e, assim como nós, quando querem muuuito algo (e sempre querem!), vão até o limite: eles arriscam todas as armas que tem e nós resistimos bravamente em nossas convicções maternais e de educadoras. Só que quando a situação se estende e chega no limite para ambos, não dá outra...filhos explodem em birras e malcriações e nós, no limite de nossas forças, por vezes, não aguentamos, daí o surto...o barraco etc.

Bem...
Eu, como uma simples mãe de filhos já crescidos, acho perfeitamente normal, não se desespere, essa fase passa...mas não se anima muito não, pq logo logo vem outra por aí...a "independência" dos filhotes (ensaios de voos rumo a liberdade). E nessa fase, qdo são meninas, vich...os pais sofrem mais doque as mães (é a nossa vingança! rsrs).

Bjokas, Maria Paula

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